sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ITABORAÍ SE SUSTENTA?

Alvíssaras! 


Recebo email com o texto da socioambientalista, geógrafa e mãe do João - também meu filho que é uma espécie de EU melhorado - que não está nada animada com a expansão do reino panissetiano nas terras do Visconde.

Ó pobre Itaboraí! Tão  grande para os teus, tão pequena para a ganância dos de fora!


Tornaste uma grande mulher karenina. Te amo.  


Sem tratamento de esgoto, Itaboraí segue rumo ao desenvolvimento (in)sustentável

Por Karla Karina

Itaboraí tem sido chamada de “cidade do futuro” após o anúncio da instalação do COMPERJ. Com crescimento de cinquenta mil habitantes apenas no ano passado e previsão de um milhão em dez anos, ainda há muito a fazer para que o município saia do atraso e trilhe um caminho mais sustentável do ponto de vista socioambiental. Uma das ações mais urgentes é o esgotamento sanitário, inacreditavelmente ainda ausente no município.

Segundo o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) produzido em maio de 2010, o tratamento de esgoto é quase inexistente. As duas únicas estações de tratamento, na Reta Velha e Itambi estão desativadas e as redes coletoras assoreadas. Então, a saída é a ligação direta com as galerias de águas pluviais (que só deveriam receber água da chuva), construção de fossas ou lançamento direto nas ruas.
O resultado dessa omissão por parte do poder público é o lançamento do esgoto in natura de 300 mil habitantes (!) nos cursos fluviais da cidade, contaminação do lençol freático através da construção indiscriminada de fossas e riscos à saúde pública quando lançado nas ruas a céu aberto.

Os problemas ambientais provocados também não são menores. Como os rios que passam pela cidade desaguam na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, importante área de manguezal ainda preservada no entorno da Baía de Guanabara, a contaminação, que já é grande, tende a aumentar vertiginosamente. E certamente, se nada for feito, em um prazo não muito grande, teremos uma degradação irreversível para a flora e fauna locais.

Por esses trilhos não verás mais passar
quem você era, ó pobre Itaboraí
E no que isso implica?  É no mangue que peixes, moluscos e crustáceos encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies de fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico. Nesse contexto, a APA de Guapimirim é uma das poucas regiões que ainda “abastece” a Baía de Guanabara com recursos pesqueiros, mas o ecossistema local pode não resistir caso a poluição atinja níveis mais altos. Poderia ser o fim, por exemplo, da coleta de caranguejos, atividade tradicional da região de Itambi.

Para reverter esse quadro, o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), afirma que 80% da população de Itaboraí será atendida com redes de coleta de esgoto em até 12 anos a partir de 2010, e 90% do esgoto coletado será tratado em até 3 anos. São metas ambiciosas para um município que se manteve estanque e na contramão do desenvolvimento justo e sustentável até os dias atuais.

Tendo em vista, de acordo como próprio PMSB, que o cronograma de implantação de redes de coleta e tratamento de esgoto já está correndo, precisamos cobrar para que essas metas realmente saiam do papel.

Saiba mais sobre o PMSB no link: http://itaborai.rj.gov.br/home/PMSB.pdf

Karla Karina é geógrafa e socioambientalista

Um comentário:

  1. Esse texto também consta na 4ª edição da CEAInforma lançada no dia 6 de Agosto na Praça de Itaboraí: http://www.slideshare.net/CeaiACeai/ceainforma-4-edio

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