terça-feira, 23 de agosto de 2011

O PRAGMATISMO CAFAJESTE

Perplexo leitor, o Supremo Conselho deste blog se reuniu esta noite e sugeriu ao editor que publicasse mais um conto do Johan, o esquizofrênico. 

É um conto sujo, torpe, captado numa mesa de bar igualmente torpe e sujo do Porto Velho. Não adiantou os meus apelos ao Conselho que lembrou de nossa linha libertina e no limite da irresponsabilidade. Vejo de antemão um embate entre a Belle Bup e o Johan Sputinik. 

Aí, Johan, você é o cara! MOTHER FUCK!
Portanto, tire as crianças da sala. Mas, pelo menos, o conto saiu a la Tarantino...


por Johan Sputinik

A vida sempre nos prega uma peça. Isso é bom. Afinal de contas, ela sempre quer se certificar que estamos vivos.

Era meu aniversário. Havia combinado com a minha mulher de soprarmos a velinha de inauguração do crepúsculo de minha juventude. O sol que se põe por trás de uma montanha que talvez eu jamais suba.

Brigamos. Coisa estúpida. Pura sovinice. Ficou puta quando fui ver na internet qual o cinema que tinha o preço melhor pra fita do Tarantino. Esse filme aí do Brad Pitt justiceiro.

Saí puto de casa sozinho. Sim, veria o filme sozinho e me entorpecer de cachaça. No meio do caminho, ainda de cabeça quente, sentei num bar aqui do Porto Velho. Era jogo do Flamengo. E odeio jogo do Flamengo. Mas os fuxicos e bebericos com amigos de longa data serviam como anestesia.

Anoitece. Não existe ruptura do dia pior que no domingo. Paguei a conta e meti o dedão pro 515 na mão do diabo. É, o diabo é um sujeito legal às vezes.

Parei no Repartição e pedi uma daquelas longnecks saarianas. O gelo ali é pura maquiagem do gerente de planilha. Cobram caro pela cerveja para dar o mínimo de legitimidade ao roubo.

Quando aparece uma mulher que semanas atrás foi a pivô de uma furada no olho de um camarada que também não conhecia direito.

Encheu o saco pra eu dar uma pirocada nela. Tava meio puto. O meu lado sádico se aflora e a levo então pra um hotel barra-pesada dali da Visconde do Uruguai. Chiou, é claro. Mas depois sentiu-se à vontade frente a sua desenvoltura naquele espelho quebrado do quarto xexelento.

Dias depois, no Mezzo, casualmente se encosta à mesa. Senta e bajula. Queria piru e cerveja. Pensei no que fazer para me livrar de uma vez por todas da pirigueti. Liguei pra um amigo meu que vende aquilo que brilha. Agora era só brochar. 

Chamei um taxi e morri em 60 pratas até o Moulin Rouge. Com o pragmatismo cafajeste, embranqueci o mármore negro enquanto ela, com os lábios, terminava com minha reputação.

Dia desses passa por mim com olhos arregalados. Sim a crônica do monstro anunciado.

BUHH!   

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