domingo, 9 de junho de 2013

COLABORADORA NOVA!



Freud, o qual podemos chamá-lo de um filósofo da cultura, com a sua teoria do inconsciente achava que sempre havia uma tensão entre o homem e o seu meio. Viria daí os impulsos que regem a vida do homem.

Nem sempre é a razão que governa as nossas ações, e isso nos dias em que vivemos, percebe-se então claramente a  sua afirmação.

Hoje a busca incansável pelo prazer imediato levou a uma total banalização do sexo. Meninas e meninos rotulados como coisas, precisando de coisas para se auto-afirmarem, são o reflexo da sociedade na qual você só tem valor pelo o que se possui e não pelo o que você é.

Sou de uma geração em que o valor de uma pessoa estava em seu bom caráter, dignidade, honestidade e coragem. Eu não preciso de muito para ser feliz, pois tenho internalizados esses valores. E quais valores estão internalizados em você?



A MISÉRIA DA CULTURA EM SG

Os agentes culturais daqui vivem a miséria própria de uma composição  econômica e política frágeis, em que praticamente inexiste organização social atuante, contraponto natural aos humores do poder, do governo. Os poucos ativistas culturais, como agem desorganizados, são facilmente cooptados pela estrutura de governo para servi-lo, e, se dispõem de uma legenda partidária, atuam seguindo interesses pessoais visando valorizar o seu passe nas próximas eleições para sair ou não como candidatos a um cargo público ou mesmo subir na hierarquia de poder que já ocupam.

Desta forma, é impossível sair dos esquemas de compadrio e favorecimento ao grupo que o sustenta. É um ciclo vicioso de difícil superação, já que a própria secretaria de cultura e a FASG não têm uma orientação técnica, que vislumbre as possibilidades amplas e integradas de atuação, coisa que poderia ser implementada com a simples contratação de profissionais efetivos e especialistas na área. Os esforços da secretaria visando sua profissionalização à miúde partiram de exigências externas, sejam do governo federal ou do estado, mas jazem incompletas e viciadas, orientadas apenas a atender uma clientela pequena e difusa. Isso faz com que, por exemplo, esta freguesia seja irrelevante em iniciativas para a área.

O Sistema Municipal de Cultura, veja bem, mofa na Câmara de Vereadores esperando apreciação. Há interesse em pô-lo a funcionar? Não. Pelo menos por parte do governo (qualquer um) e mais ainda daqueles que compõem a própria secretaria, já que o SMC normatiza e estabelece deveres do governo frente ao financiamento da cultura, racionaliza a sua estrutura funcional e impessoaliza as relações dos entes culturais - pelo menos em tese -, o que desmontaria seu arcabouço de poder e de controle atual. Bom, isso vai mudar? Não. Não há organização e vontade políticas para isso.




A VERGONHA PERDIDA

Texto esse que faz parte de minha página no jornal O Guarda. Boa leitura.

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“Tortura no Brasil? Foram só umas unhazinhas arrancadas.” Lobão falou isso, e tem muita gente, como ele, que perdeu a vergonha. Esse absurdo do Lobão é festa na Globo, Veja etc., corporações de mídia que há muito deixaram de lado a verdade factual para combater o mau combate: preservar a qualquer custo a iniquidade social e os seus privilégios na sociedade brasileira depois da subida ao poder do Partido dos Trabalhadores e de Lula, o alvo-mor a ser caído, tal como um anjo expulso por deus do paraíso.

Fazer troça com um dos períodos mais odiosos da nossa história não é apenas insensibilidade, é canalhice. Adjetivo que muito bem pode ser usado para interpretar a nossa sociedade, ou pelo menos parte dela, encastelada no topo da pirâmide econômica e cultural, apenas uma fração do que nós somos, mas fortes o suficiente para ressoar dos seus veículos de comunicação os seus valores e inclinações políticas. A atitude covarde de Lobão pode ter sido oportunista - ele promove o seu livro - mas encontrou eco e apoio nos grandes jornais e programas de TV sem espaço possível ao contraditório. Isso é sintoma óbvio de enfermidade de nossa democracia.

Os valores mesquinhos da elite brasileira se espalham por todas as classes sociais, se banalizam, são relativizados e criam monstruosidades de parte a parte. Vemos incrédulos uma epidemia de estupros contra mulheres à luz do dia ou à sombra da noite, resultado infame da cultura hedonista e de desvalorização da mulher desde os anos 90,  em que ela própria é um objeto de consumo e símbolo do poder, do dinheiro, valor máximo da vida; vida forjada num ambiente de competição irracional pelo prazer a qualquer custo e permanente. Esse ambiente fez com que os freios sociais à patologia do estuprador desaparecessem. Hoje, segundo relatos, nem castigos existem mais na cadeia, onde nos reconfortávamos com a alheia “vingança”.

Os poderosos, desavergonhados até os ossos, jogaram às favas o pudor e a máxima de Catilina: “Não basta ser honesto, tem que parecer honesto”. Ministros do Supremo Tribunal Federal têm filha e esposa a serviço de uma grande banca de advocacia do Rio de Janeiro que, invariavelmente, tem no STF a instância final onde serão decididas suas ações. Um desvio ético relativizado pelos colunistas a mando de seus patrões. Mas nem mesmo considerações lemos ou ouvimos dos jornalões da chicana do julgamento do famigerado mensalão, que condenou réus ou com provas falsas ou forjadas; condenações sob medida à desforra das elites por não estarem no poder há 10 anos. O “maior caso de corrupção da história” (sic) virou a maior vergonha do judiciário brasileiro. Leia A Outra História do Mensalão, do Paulo Moreira Leite, por favor.

O sem-vergonhismo chegou às raias do inacreditável com economistas tucanos, de amplo espaço na mídia, que defendem abertamente o aumento dos juros e o desemprego como forma de controlar a inflação. Nunca ficou tão cristalino o ódio ao povo, o ressentimento e posicionamento criminoso das elites contra o País. Esse tipo de coisa só é possível graças a criação de uma realidade paralela que abriga uma porção da sociedade não integrada ao Brasil atual, que a detesta, saudosa dos seus privilégios e exclusivismos.

Nelson percebeu nos idiotas a modéstia perdida. Agora, podemos dizer que, além da modéstia, os idiotas também perderam a vergonha. No entanto, um idiota sem modéstia é inofensivo. Mas um idiota sem vergonha, com poder, faz um estrago danado.