sábado, 27 de agosto de 2011

DAS DESILUSÕES DO AMOR: (UM) TEXTO

O trem já vem. O caminho é o mesmo. Basta virarem-se um para o outro...

Hoje, às 20 horas, o meu grande, necessário e indispensável amigo Rheinaldo Baso, em companhia luxuosa do músico Leon Costa, estará no palco encenando uma peça composta de pequenos sacrifícios pessoais de todos que se envolveram na sua produção e execução logo mais no Teatro Carequinha.

Rheinaldo e eu discordamos conceitualmente sobre o que seja o amor. É isso mesmo leitor, o amor é um conceito. Nós nomeamos aquilo que identificamos pela própria experiência ou através da narrativa de terceiros que assimilamos e internalizamos até acreditarmos como nosso. Um jogo desesperado de aproximação inteligível a nós mesmos para que nos sirva de baliza ou parâmetro auto-explicativo e de proteção contra possíveis ou mesmo inevitáveis... desilusões.

Rheinaldo - e muita gente boa que o acompanha no espetáculo - vê o sofrimento como o substrato de uma desilusão amorosa. O amor para o nosso ilustre ator e para a maioria das pessoas, neste caso, se alimenta ou fenece, paradoxalmente, da instabilidade e das incertezas que sentimos no outro. É um sentimento que depende da resposta do outro. Aí é uma loucura!

O amor - neste caso chamarei de amor histórico - passa a ser uma quase-obsessão estética, para nós do Ocidente, no período de transição entre feudalismo e Era Moderna. O amor cristão (ou desapego à carne), que mais se encaixa numa concepção estoica de indiferença e distanciamento do objeto causador do sofrimento [a pessoa amada] fica recluso aos mosteiros e à margem do constructo cultural de fidelidade e devoção à monarquia e ao Estado.

Não à toa, caro leitor, despontar nesse mesmo período que conhecemos como Renascimento, as obras clássicas, das mais variadas áreas, que vão falar deste mesmo tema: O Príncipe (Maquiavel),  Dom Quixote de la Mancha (Cervantes), Romeo e Julieta (Shakespeare) e a Divina Comédia (Dante) e tantos outros que subvertem a lógica da devoção ao Estado. Já Maquiavel o escancara... Também um assunto para outro post.

Particularmente acredito que o amor é único e indivisível, abrangente e penetrante. É o único sentimento autônomo e autóctone porque humano. Sendo assim, não cabe idealização no amor.  Ele simplesmente é. Como a máxima bíblica-cristã: Deus é Amor, o que nos leva, por sua vez, ao Monte Sinai, à pergunta de Moisés e à resposta enigmática de Deus: Eu Sou o que Sou.

Mas para ilustrar o que falo, forneço a vocês um diálogo real entre dois amigos muito próximos que gentilmente liberaram um trecho da conversa que tiveram um com o outro via Skype:

Ela: seja o que for...não vai dar em nada
Ele: pq o fatalismo? pq o vatcínio?
Ela: pq é assim que vai ser. já decidi
Ele: vc soh se entregaria a mim novamente se tiver certeza q será a minha e única mulher, é isso?
Ela: isso também. já tivemos uma chance, rolou uma parada no momento certo e depois ficou aquela confusão. agora as coisas são diferentes. (...) mas isso não no sentido restritivo da coisa, de vc querer ficar com outras e não "poder" por estar comigo. Mas no sentido de optar por isso. de querer que seja assim
Ele: então quer dizer que o amor q sente por mim eh tão grande q não admite desilusão. e, por conta disso, prefere não viver o amor que sente?
Ela: rss. por aí
Ele: é isso? peraí, eu vou fumar um cigarro lah fora...
Meu insone leitor. Acho que vou terminar por aqui. Mas deixo você com o link da entrevista do Baso.

Entrevista clique Aqui

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