quarta-feira, 31 de agosto de 2011

GILBERTO PALMARES NÃO CONHECE A CURVA DO S

Sabe, leitor, não tenho a menor vontade e necessidade de sair de São Gonçalo. Sendo assim, acompanho com a atenção o que acontece na cidade. Eu quero imensamente o seu bem. Entendo que a cidade precisa de mim que a amo, que a conheço, para poder contribuir para o seu desenvolvimento e a consequente melhoria de minha qualidade de vida.

Pois ouvi, estupefato, de alguns amigos que o Gilberto Palmares quer porque quer se candidatar a prefeito de São Gonçalo. Hum... Os mesmos interlocutores afirmaram que ele tem o apoio do senador Lindberg Farias. Hum... E que a executiva nacional do PT apoia o seu pleito.... Hum...

Um dos correligionários do deputado Palmares se aproxima e solfeja a cantilena baba-ovo de quem tem alguma matrícula comissionada do Estado. Vi também que o colega empolgado fazia-me perceber o Nextel sôfrego, rezando para alguém pelo menos do 5º escalão do poder apitasse e atestasse o ridículo daquele ser patético.

Deixei o idiota falar e me fazer de standim nessa tragi-comédia.

_ Ele conhece a Curva do S? - perguntei.
_ O quê??? reage incrédulo.
_ Curva do S!? - insisti.
_ O que esse cara tá falando?? - retruca para os seus pares.

Fiz crer ao sujeito que o meu respeito e voto pertencem àquele que conhece a Curva do S, que conhece e vive essa cidade. São Gonçalo é minha cidade e não admito que ninguém que não conheça a Curva do S venha para cá botar banca de prefeito.

Tenho dito!

O ANDARILHO MULATO PELA FREGUESIA DE GONÇA

Hoje estava eu numa situação involuntária esperando a chuva passar. Aproveitei para pedir um bojudinha da Antarctica, bater papo e ver o jogo do C.R. Vasco da Gama que passeou em São Januário contra o Ceará decidindo o certame por três tentos a um.

Nessa, saquei da mochila alguns jornais antigos que são o meu portfólio. Lá estava o Apologia, edição 15 (curiosidade: feito na casa do André Correia em 2007), com uma crônica do Lima Barreto sobre São Gonçalo escrita em 1908. Pensei: vou republicar o texto para o valoroso leitor deste blog.

Ah, como eu queria que o secretário de cultura de São Gonçalo conhecesse Lima Barreto...


Diário Íntimo. 10 de fevereiro de 1908

por Lima Barreto

Fui ontem a São Gonçalo. É um município limítrofe ao de Niterói. Fui à casa do Uzeda. Uzeda é um segundo oficial da Secretaria da Guerra, casado com uma professora pública do lugar.
     
Embarquei às oito e meia no Largo do Paço; fazia uma manhã quente e feia, ensombrada de nuvens. Encontrei o Pinho, um meu antigo colega da Escola Politécnica. Vinha de exercícios práticos. Soberbamente insuportável. Indagando da produção do município, não me soube informar com simplicidade. Atribuiu a falta da lavoura à indolência do povo. Tive vontade de perguntar se ele, engenheiro, tendo estudado a química, física e história natural, dava um exemplo salutar, cultivando o sítio onde morava. Calei-me, e foi dizendo bobagens. Fez uma crítica severa às tarifas do Tramway Rural Fluminense. É isto uma pequena estrada de ferro, com carros abertos ao jeito de bondes, que liga as Neves ao município de São Gonçalo. E uma coisa tosca, necessariamente exigindo para a sua manutenção uma série de medidas empíricas, que a prática dita; o idiota do Pinho quer que ela se guie pelos princípios tarifários que regem os fretes das grandes vias-férreas. Disse-me coisas proveitosas, que, por exemplo — o esforço da tração era o mesmo na descida que na subida. É profundo.
       
As Neves não tiveram, para os meus olhos, nada de notável. Têm o aspecto comum dos nossos postos afastados e edificados. Casas baixas, pintadas de azul, de oca; janelas quadradas; espessas escadas de tijolos e pedras, que dão acesso a portas baixas; fisionomias indolentes de homens pelas portas das vendas; mulheres: negras, brancas e mulatas — tristes, de longos olhares, em que há desejos de volúpias e sonhos de festas, de bailes, fantásticos, de envolvedoras agitações de todo o corpo, capazes de as fazerem esquecer e quebrar a monotonia daquela vida pobre e triste que levam, tão parecida ainda com a senzala, em que o chicote disciplinador de outrora ficou transformado na dureza, na pressão, na dificuldade do pão nosso de cada dia.
       
Um lugar de mui pouca graça


Tomei o tramway. Fui vendo o caminho. A linha é construída sobre a velha estrada de rodagem. Em breve, deixamos toda a atmosfera urbana, para ver a rural. Há casas novas, os chalets, mas há também as velhas casas de colunas heterodoxas e varanda de parapeito, a lembrar a escravatura e o sistema da antiga lavoura. Corre o caminho por entre colinas, há pouca mata, laranjeiras muitas, algumas mangueiras.
       
Eu, olhando aquelas casas e aqueles caminhos, lembrei-me da minha vida, dos meus avós escravos e, não sei como, lembrei-me de algumas frases ouvidas no meu âmbito familiar, que me davam vagas notícias das origens da minha avó materna, Geraldina. Era de São Gonçalo, de Cubandê, onde eram lavradores os Pereiras de Carvalho, de quem era ela cria.
       
Lembrando-me disso, eu olhei as árvores da estrada com mais simpatia. Eram muito novas; nenhuma delas teria visto minha avó passar, caminho da corte, quando os seus senhores vieram estabelecer-se na cidade. Isso devia ter sido por 1840, ou antes, e nenhuma delas tinha a venerável idade de setenta anos. Entretanto, eu não pude deixar de procurar nos traços de um molequinho que me cortou o caminho, algumas vagas semelhanças com os meus. Quem sabe se eu não tinha parentes, quem sabe se não havia gente do meu sangue naqueles párias que passavam cheios de melancolia, passivos e indiferentes, como fragmentos de uma poderosa nau que as grandes forças da natureza desfizeram e cujos pedaços vão pelo oceano afora, sem consciência do seu destino e de sua força interior.
       
Entretanto, embora enchesse-me de tristeza o seu estado, eu não pude deixar de lembrar-me, sem algum orgulho, que o meu sangue, parente do seu, depois de volta de três quartos de século, voltava àquelas paragens radiante de mocidade, saturado de noções superiores, sonhando grandes destinos, para ser recebido em casa de pessoas que, se não foram senhores dele, durante algum tempo, tinha-o sido de outrem da mesma origem que o meu.
       
Eu vi também pelo caminho uma grande casa solarenga, em meio de um grande terreno, murado com um forte muro de pedra e cal. Estava em abandono, grandes panos do muro caídos e as aberturas fechadas com frágeis cercas de bambus. Eu me lembrei que a grande família de cuja escravatura saíra minha avó, tinha se extinguido, e que deles, diretamente, pelos laços de sangue e de adoção, só restavam um punhado de mulatos, muitos, trinta ou mais, de várias condições, e eu era o que mais prometia e o que mais ambições tinha.
       
Ela fora mais caipora do que aquele muro sólido, porque extinguira-se, caíra de todo e não deixara da sua linha direta nenhum rastro.
       
Cheguei à casa do Uzeda.
       
Antes vi a vila. Há uma grande rua principal, com uma imensa matriz a cavaleiro dela, e toscas casas que a arruam. O trem passa embaixo e, junto ao paço municipal, é macadamizada. A câmara municipal é um caixão ignóbil. Não sei porque nós não sabemos fazer esses edifícios com o gosto que os arquitetos da Idade Média faziam os dos seus burgos. Que infâmia é a que vi! Entretanto, é moderna, tem menos de vinte anos. A capela tem o acabamento das torres em pirâmide; é sem gosto e soturna; não há uma casa com sentimento, e a gente tem o que ver, apenas nas das colunas, em que a escravidão pôs seus sofrimentos e as suas recordações.
       
A mulher do Uzeda é rapariga anêmica, dessas nossas que a mocidade sabe dar um brilho singular com a sua fragilidade, mas que a maternidade e o tempo empanam e estiolam de modo lastimável. É morena, de curtos cabelos. Rosto em V, bom, para um rapaz inteligente, e que nela, com seus hábitos de paciência que o professorado dá, empresta uma singular fisionomia de freira, que o olho direito mais estreito faz quebrar com certa canalhice.

O INTERESSE PÚBLICO É UMA FARSA

A democracia, nobilíssimo leitor, carrega consigo o veneno de sua destruição. Achincalhar e fragilizar esse sistema ao mesmo tempo delicado e sofisticado que rege o convívio e as relações humanas, vitória maior da civilização ocidental, é um pulo.

E é o que rapidamente vemos acontecer no mundo e no Brasil.

Bolinha de papel não machuca, não...
As premissas de igualdade (isonomia), liberdade e justiça para todos têm conotações diferentes para diferentes sociedades e culturas. E o ponto nevrálgico de suas fragilidades ou fortaleza é a forma como as riquezas produzidas por um país são distribuídas entre o seu povo.

Então, a democracia carece, principalmente, de equilíbrio. E só há equilíbrio possível dentro desse sistema se for para e através do interesse público. Mas que diabos é isso que chamamos de interesse público?

O interesse público é uma abstração - por mais que tenha elementos positivos de idealização majoritários - e fonte permanente de frustração individual. Não é raro o sujeito virar a cara quando uma imposição coletiva se faz maior aos seus interesses individuais. A democracia é a arte de fazer valer a vontade da maioria respeitando os direitos do indivíduo. Ó! eu sou um gênio.

Trabalhar para o interesse público é um saco. E diria ser quase impossível colocar em prática essa que é a maior das maiores virtudes da democracia. A política, que é a seiva que corre nas veias da democracia, se dá basicamente por agrupamentos ou interesses de classes, indivíduos e, hoje, principalmente, corporações.

Faça ver, leitor, na democracia jogamos permanentemente pelos nossos interesses neste grande campo do interesse coletivo (veja bem, coletivo não é o uno, o monólito) que é a res pública. É desgastante e impraticável manter na prática o discurso do interesse público porque simplesmente isso é inapalpável, uma abstração no mundo real da política cercado de poderosos interesses do capital, por exemplo.

Daí a política e o jogo de interesses serem exercidos de forma seletiva e compartimentada através do modelo representativo que tem no voto a maior expressão de sua vontade e legitimidade. Gostando ou não, tanto o Flávio Bolsonaro como o Marcelo Freixo têm legitimidade para defender os interesses daqueles que representam. Cada um defende a parcela do público que representam.

Em O Leviatã, Thomas Hobbes denomina uma categoria social que é conhecida por nós hoje como sociedade civil (há controvérsias...). "Civil", aí, não é o oposto ou uma contraposição a "militar". Tem muita gente boa que mistura os canais. A sociedade civil, neste caso, é regida por leis soberanas que dão forma às relações sociais e principalmente ao Estado. É o tal do contrato celebrado entre os cidadãos que tem no Estado o seu principal fiador e mantenedor.

Antes de celebrado o tal contrato as demandas sociais eram resolvidas na porrada. Após de "assinado" o contrato, é o Estado o árbitro de todos os conflitos sociais a partir do princípio da isonomia jurídica que é a chave de funcionamento do sistema democrático. Tudo passa pelo Estado. E quem controla o Estado?

Era o momento que eu estava esperando! Vamos deixar de ser prolixos e de conceituações e vamos logo ao que interessa: quem comanda o Estado hoje é o Partido dos Trabalhadores que alçou uma classe social para dentro do jogo de decisões políticas do Estado brasileiro. Isso incomoda uma parcela da sociedade que foi obrigada a ter na mesa de decisões os "caboquim."

Os "porta-vozes"  de Vassouras (aqueles que bateram o pé contra a abolição até o último segundo do crepúsculo de Pedro II) fazem um jogo midiático perigoso contra o Governo e atentam frontalmente as instituições democráticas. Utilizam-se dos meios de comunicação para fabricarem um sentimento de repulsa da população ao governo Dilma Rousseff absolutamente inexistente.

Tenhamos cuidado. Cuidado com essas marchas "contra a corrupção". Cuidado com a Veja (clique neste link para ter uma noção do que é o jornalismo imparcial da revista) e cuidado com a bolinha de papel.

Nós, da tão falada Classe C, estamos, pela primeira vez na história deste país, saboreando o gostinho de sermos os protagonistas de nosso próprio destino. Conquistamos através de muita luta o direito de ter uma parcela maior da riqueza deste país. Ainda é pouco. Mas estamos no caminho certo embora tenhamos que estar sempre vigilantes.

A história está em nossas mãos. Vamos dar um cheque em branco ao PT? Claro que não. Mas devemos ter consciência que nós somos a base política e eleitoral de representação da maior parcela do público que há séculos ficou excluída do processo decisório deste país.

Corrupção de cu é rola, como diz um amigo meu. Não quero dizer que tolero esse tipo de coisa. Mas numa perspectiva mais abrangente isso passa a ser residual frente a um projeto de país no qual eu e você, leitor, somos pela primeira vez protagonistas. Roubou, polícia e justiça. Não se engane. O interesse público muitas das vezes é um engodo e não raramente usado como discurso para a prática de gigantescas sacanagens da forma mais abjeta contra o grosso do povo brasileiro. 

      

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

DENILSON E EU

Isso é cubismo puro!
Hoje Portinari saltou à minha cara. Sim, amigo leitor. É o mesmo Portinari, o Cândido, considerado por muitos o maior artista plástico brasileiro. Aquele que tão bem pintou em tela ou em painéis país afora as contradições e anacronismos brasileiros. Sim, o mesmo Cândido Portinari, supra-sumo da arte moderna e do cubismo-surrealismo tupiniquim.

Eram aproximadamente 14 horas. Voltava da Câmara. Sempre passo na Câmara para filar um café e trocar idéias curtas com alguns amigos que prestam serviço ao Legislativo dessa freguesia de São Gonçalo.

Fui em direção ao lance de escada que dá para o estacionamento dos edis gonçalenses à frente de uma piscina que deveria harmonizar com um jardim inexistente do largo lateral da prefeitura. Queria fumar um cigarro à sombrinha de uma árvore dali.

Ah, leitor! Omiti uma informação importante: estava acompanhado do amigo Rheinaldo Baso que encontrara minutos antes por um desses acasos que se transvestem destino...

Antes de sentar-me, porém, o Portinari: Denilson, o seu nome. Sujeito agitado em meio ao calor de um inverno já derrotado pela primavera. Queixava-se de dor, cria. O gesso no braço também o incomodava decerto.

Os traços brutos daquele homem me lembraram imediatamente o Portinari. Precisava de sua história, portanto, para escrever esse post pra você. Essa minha cabeça tonta precisava de um endosso, este veio do Rheinaldo: "Sim Phill, é o Portinari! Temos um Portinari à nossa frente" - avalizou o amigo. (nota: algumas pessoas me conhecem pela carinhosa alcunha de Phill. Coisa de minha mãe. O estrangeirismo fica por conta do Tavinho do Blues Etílicos, mas isso é uma outra história....)

Puxei logo assunto a ver nele o Brasil. Denilson Pianchi de Moura é o seu nome de batismo. Soletra com desenvoltura o Pianchi. "Alguns falam 'xi' outros 'qui'", argumentou. Pensou oferecer identidade e atestar existência. Mas o desdobramento imediato da conversa nos levou a uma pequena tragédia do nosso amigo: foi atropelado na 18 do Forte. Levaram tudo que tinha. LEVARAM TUDO QUE TINHA: uma mochila, identidade e alguns trocados.

Denilson Pianchi de Moura é morador de rua. Disse que há três meses vive de calçada em calçada. Ia dizendo e bebericando a cachaça no copo de Guaravita. "Não tem remédio, só cachaça. Passa a dor", revela um tanto marotamente esperando de nós compadecimento. Como não houve a reação esperada, contentou-se queimar o cartucho pedinte com um cigarro.

Querendo ser útil e reverter tal desalento, ofereci a Denilson minha porção cidadã orientando-o e fazendo-o saber das alternativas que o Estado dá aos desvalidos. "Só tem maloqueiro! Abrigo só tem maloqueiro e é lá em Vista Alegre", retruca o escaldado e consciente desalojado. "Logo, logo tiro esse gesso e pego uma obra pra pagar aluguel. O doutor disse que semana que vem já tiro esse gesso", continuou, em meio a outra golada na branquinha.

Faltava a foto. Não sei quem era mais cínico, se eu ou o Denilson.

Denilson: pedreiro, morador de rua. A nossa galeria de personagens urbanas

sábado, 27 de agosto de 2011

DAS DESILUSÕES DO AMOR: (UM) TEXTO

O trem já vem. O caminho é o mesmo. Basta virarem-se um para o outro...

Hoje, às 20 horas, o meu grande, necessário e indispensável amigo Rheinaldo Baso, em companhia luxuosa do músico Leon Costa, estará no palco encenando uma peça composta de pequenos sacrifícios pessoais de todos que se envolveram na sua produção e execução logo mais no Teatro Carequinha.

Rheinaldo e eu discordamos conceitualmente sobre o que seja o amor. É isso mesmo leitor, o amor é um conceito. Nós nomeamos aquilo que identificamos pela própria experiência ou através da narrativa de terceiros que assimilamos e internalizamos até acreditarmos como nosso. Um jogo desesperado de aproximação inteligível a nós mesmos para que nos sirva de baliza ou parâmetro auto-explicativo e de proteção contra possíveis ou mesmo inevitáveis... desilusões.

Rheinaldo - e muita gente boa que o acompanha no espetáculo - vê o sofrimento como o substrato de uma desilusão amorosa. O amor para o nosso ilustre ator e para a maioria das pessoas, neste caso, se alimenta ou fenece, paradoxalmente, da instabilidade e das incertezas que sentimos no outro. É um sentimento que depende da resposta do outro. Aí é uma loucura!

O amor - neste caso chamarei de amor histórico - passa a ser uma quase-obsessão estética, para nós do Ocidente, no período de transição entre feudalismo e Era Moderna. O amor cristão (ou desapego à carne), que mais se encaixa numa concepção estoica de indiferença e distanciamento do objeto causador do sofrimento [a pessoa amada] fica recluso aos mosteiros e à margem do constructo cultural de fidelidade e devoção à monarquia e ao Estado.

Não à toa, caro leitor, despontar nesse mesmo período que conhecemos como Renascimento, as obras clássicas, das mais variadas áreas, que vão falar deste mesmo tema: O Príncipe (Maquiavel),  Dom Quixote de la Mancha (Cervantes), Romeo e Julieta (Shakespeare) e a Divina Comédia (Dante) e tantos outros que subvertem a lógica da devoção ao Estado. Já Maquiavel o escancara... Também um assunto para outro post.

Particularmente acredito que o amor é único e indivisível, abrangente e penetrante. É o único sentimento autônomo e autóctone porque humano. Sendo assim, não cabe idealização no amor.  Ele simplesmente é. Como a máxima bíblica-cristã: Deus é Amor, o que nos leva, por sua vez, ao Monte Sinai, à pergunta de Moisés e à resposta enigmática de Deus: Eu Sou o que Sou.

Mas para ilustrar o que falo, forneço a vocês um diálogo real entre dois amigos muito próximos que gentilmente liberaram um trecho da conversa que tiveram um com o outro via Skype:

Ela: seja o que for...não vai dar em nada
Ele: pq o fatalismo? pq o vatcínio?
Ela: pq é assim que vai ser. já decidi
Ele: vc soh se entregaria a mim novamente se tiver certeza q será a minha e única mulher, é isso?
Ela: isso também. já tivemos uma chance, rolou uma parada no momento certo e depois ficou aquela confusão. agora as coisas são diferentes. (...) mas isso não no sentido restritivo da coisa, de vc querer ficar com outras e não "poder" por estar comigo. Mas no sentido de optar por isso. de querer que seja assim
Ele: então quer dizer que o amor q sente por mim eh tão grande q não admite desilusão. e, por conta disso, prefere não viver o amor que sente?
Ela: rss. por aí
Ele: é isso? peraí, eu vou fumar um cigarro lah fora...
Meu insone leitor. Acho que vou terminar por aqui. Mas deixo você com o link da entrevista do Baso.

Entrevista clique Aqui

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O APOLOGIA E O MOVIMENTO SOCIAL

Caríssimo leitor. Volto a postar um pouco da memória do glorioso e persistente Projeto Apologia. Desta vez o tema é movimento social e suas tecnologias de atuação.

Publicação original do Jornal DAKI ed. 9.

No chão Daki, andanças... 
Vila Esperança ainda luta por urbanização

Num dia nublado de dezembro de 2004 a kombi branca da UERJ adentra a comunidade da Vila Esperança. No simpático Volkswagen três estudantes e dois funcionários da universidade. Um deles era o Boroco, o motorista, ilustre morador do Porto Velho ali das bandas do Morro da Igreja.

Era a primeira vez que uma universidade entrava oficialmente naquela ocupação que até hoje luta para regularizar sua situação fundiária de pouco mais de 400 famílias que, à época, não contavam com o PAC para amenizar as incertezas com o futuro e muito menos o desespero de serem expulsas dali.

A ida do Apologia à comunidade logo se transformaria em parceria e inspiração para que os moradores procurassem a UFF e que juntos elaborassem um projeto de urbanização, o primeiro passo para a legalização das casas. “Não fomos ali para sugar a experiência daquelas pessoas e publicar em monografias que invariavelmente mofam nas prateleiras da biblioteca da faculdade. A nossa intenção era interagir para achar soluções práticas para aquele amontoado de problemas. Deu certo”, observa Helcio Albano.

Meses mais tarde outra comunidade faria o mesmo caminho que a Vila Esperança. Desta vez, a localidade de Sete Cruzes, no Arsenal. “O Jornal Apologia chegou às mãos de lideranças comunitárias que procuraram a gente. Foi então que fizemos a ponte entre eles e a Vila Esperança. Hoje a comunidade também faz o seu projeto pela UFF. Isso sim nos faz ficar orgulhosos”, relembra Mauricio Mendes, um dos coordenadores do Projeto Apologia na UERJ. 

Ao todo, foram mais de 15 comunidades visitadas que desenvolveram parcerias com o Apologia das mais diferentes formas, além da Unibairros, a “associação das associações” de moradores de São Gonçalo.  

EU E O APOLOGIA

Posto agora matéria do Jornal Daki edição nº 9 editado pela Editora Apologia Brasil.

Faço isso porque é uma história bonita, de luta, que vale a pena compartilhar com você, leitor.

O Apologia foi contemporâneo do Fazendo Media, que tinha uma  linha diferente da nossa, cuidando de assuntos mais específicos do jornalismo. A galera do FM é do IACS da UFF.Mas com o mesmo espírito crítico, ousado e contestador. 

Release apologético

Família Apologia num dos nossos eventos na FFP/UERJ. Foto de Rheinaldo Baso

Era uma vez um grupo de estudantes meio doidão no ano tenebroso de 2004 estudando numa faculdade de periferia do Rio de Janeiro.

Gonçalenses, esses estudantes não se conformavam com o quadro de viralatice da cidade e da faculdade onde estudavam. Não se conformavam com a ordem cultural vigente que ordenava previamente a capitulação frente a qualquer possibilidade de guerra contra aquele imobilismo que feria a alma desses combatentes que se negavam a entrar mortos no “front” do magistério fluminense.

Formaram, no mesmo ano, o Grupo dos Iguais a fim de estudar, debater e propor alternativas à morte certa nesta cidade governada pelas trevas da ignorância e pela falta de iniciativa. Reuniam-se aos sábados na casa do Helcio Albano, no Porto Velho.

Os Iguais eram de vários cursos da Faculdade de Formação de Professores da UERJ, e logo produziram material que era discutido exaustivamente entre seus membros. Educação, Cultura, Política e Comunicação eram os assuntos que predominavam nos encontros matinais de fim de semana à Rua Lafaiete.

Mauricio Mendes, hoje geógrafo e professor, não demorou em propor ao grupo a criação do jornal para a publicação das idéias que então borbulhavam naquelas cabeças pensantes reunidas no Porto Velho. Surge, em 09 de agosto de 2004, o Jornal Apologia, que tinha distribuição restrita à UERJ de São Gonçalo.

O impacto da publicação nos estudantes foi imediato, o que impulsionou o grupo a atuar além dos muros da universidade e atingir à sociedade não acadêmica. Fundamental neste momento foi a então estudante de Letras, Joyce Braga, que articulou a primeira de várias parcerias com a própria UERJ, viabilizando a tiragem do jornal no formato tablóide com 20 mil exemplares distribuídos em todo o Rio de Janeiro.

A partir daí muita, muita história pra contar. Que dirá a PUC-Rio, na Gávea, que todo mês tinha que ouvir aqueles malucos chegarem e gritarem: SÃO GONÇALÔOOOO!

   

ITABORAÍ VIROU DISTRITO DE SÃO GONÇALO

Lula e  Sérgio Gabriele em cima da Petrobras (trator)
nas terras do Visconde
Perspicaz leitor. Itaboraí é um bezerro desmamado nesse mundo de meu-deus.Bucólica mas já nem tão pacata até 2006 quando a Petrobras anunciou que seria o recanto do Visconde a abrigar a maior refinaria de transformação de petróleo bruto da América Latina.

Nessa mesma época, discutia em sessões privadas  e acaloradas com a hoje geógrafa e socioambientalista Karla Karina (para mim sempre karenina) sobre o perigo de são-gonçalização de sua amada cidade vista por ela ali das terras do Outeiro. Enquanto políticos e até especialistas das ciências humanas falavam em repetição do que ocorreu em Macaé (crescimento sem inclusão social), Karenina e eu falávamos da possibilidade de adoção do modelo político de São Gonçalo em Itaboraí.

Também em 2006, quando estávamos na UERJ vivendo o glorioso projeto Apologia, promovemos um debate (isso mesmo leitor, um debate!) entre a Universidade, a Petrobras, o Estado (políticos) e os "caboquim", ou seja, nós, da tão falada e pouco entendida "sociedade civil". Único debate promovido até hoje envolvendo a Petrobras com essa envergadura.

O então Gerente de Responsabilidade Social e Programas Ambientais da Petróleo Brasileiro S.A. fez a mim algumas confidências que soltarei no seu tempo. Uma delas diz respeito ao temor da Petrobras com o desenrolar político na região. Estava em jogo o futuro do país dentro de uma estratégia de autossuficiência tanto em exploração como otimização industrial do petróleo e do capitalismo tal como Lula queria para o país. Assunto para um outro post.

Desta forma, foi desenvolvido um mapa político e sócio-cultural principalmente de Itaboraí e São Gonçalo. Os resultados e as posteriores análises deste mapa geopolítico precipitaram a criação de uma instância de discussões e tomadas de decisão que pudessem retirar de modo "consensual" e "democrático" o poder e autonomia absolutos das prefeituras. 

Nasce o Conleste. Com Lula, a Petrobras passa a fazer política também. A faceta política do Comperj é o Conleste. 

O que vemos hoje em Itaboraí são essas forças regionais se movimentando e se adequando às regras estabelecidas pela Petrobras. Daí o "avanço" dos grupos políticos consolidados de São Gonçalo para Itaboraí.

O terreno de disputa política gonçalense, ironicamente, se dará nas terras do Visconde.       

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

FAZENDO MEDIA É BARRADO EM FACULDADE DO RIO

Magnânimo leitor. Acabo de saber, via twitter do grande deputado Chico Alencar, que o periódico universitário-carioca Fazendo Media foi barrado na porta da Universidade Cândido Mendes, Campus Tijuca.

Rapaz, vivemos uma era esquisitíssima. O coordenador da faculdade de jornalismo (é isso mesmo, de jornalismo) da instituição em questão alegou que sua atitude se baseia no fato do FM ser partidário e péla-saco de político, no caso, o próprio Chico.

O coordenador deve achar que os seus alunos não podem consumir certas informações. Sabe como é, tem muita gente subversiva por aí. E o FM pode fazer a cabeça de suas crianças para o mal. Não pode.

Conheço bem o FM. Inclusive já ajudei a minha querida amiga Jéssica Santos a diagramá-lo na época em que ela era colaboradora-estagiária do periódico.

Neste link, a nota do Fazendo Media.

POLÍTICA E AFINS

Meu acalantado leitor. Quero agora chamar a sua valiosa atenção para a entrevista do cientista político Marcos Nobre à revista Época dessa semana. Nessa entrevista o acurado analista é taxativo ao dizer que não existe oposição no Brasil por conta da peemedebização da política.

Deixo agora você com apenas um trechinho da entrevista. A versão completa você tem neste link do blog do grande Nassif:

O que resta para a oposição? - Pergunta a revista Época para o Marcos Nobre:

Nada. A oposição só pode fazer o seguinte: ficar sentada esperando que alguma coisa dê errado para ver o poder cair em seu colo. Da maneira como está organizado o sistema, isso que eu chamo de peemedebismo de todo o sistema político, não há oposição. A oposição no Brasil existiu enquanto o PT estava na oposição. Depois que o PT virou governo, acabou a oposição. Repare: as duas primeiras pessoas que saíram em defesa do ministro Antonio Palocci foram Aécio Neves e José Serra. É inacreditável. Isso é expressão do peemedebismo da política brasileira. Você não tem situação e oposição. Só tem um sistema político e um Estado feudalizado. Tem feudos: Grupos de interesse que pegam uma determinada posição e se organizam de tal maneira que, quando você vai fazer alguma política que lhes digam respeito, tem de consultá-los, pois eles têm poder de veto. Então a política no Brasil é ficar contornando vetos. Lula só contornava esses vetos.

Você deve estar se perguntando por que diabos eu postei isso, né? É que logo-logo seremos chamados para a arena do debate. Ano que vem são eleições e o quadro é mais ou menos esse deste lado da Baía de Guanabara exposto pelo professor Nobre.

Todos concorrerão entre si pra ver quem mais chama atenção da professora...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

FALA TU! COM RhEINALDO BASO - ENTREVISTA COMPLETA





RODRIGO SANTOS POR ELE MESMO

Atento leitor. Trocando ideia ainda há pouco com o amigo, poeta e empreendedor das artes Rodrigo Santos. Ele, junto ao Rômulo Narducci, são os idealizadores do Uma Noite na Taverna que, há 6 anos, é uma referência literária não só em São Gonçalo, mas em todos os lugares onde se expressa o sentimento em forma de poesia que é o desnudamento da alma.

Posto pra vocês dois textos que desabonam qualquer insinuação cretina sobre o Rodrigo Santos. Ei-lo em duas oportunidades que faria Brecht adicionar mais uma estrofe em  O Operário que lê...

Somos dessa geração e de uma classe social que ascendeu através da educação. Talvez por conta disso e de nossa antipatia com o cinismo tenhamos nos tornado professores. Não sei... Longe demais, e cada vez mais perto do que somos. Evoé.






O PRAGMATISMO CAFAJESTE

Perplexo leitor, o Supremo Conselho deste blog se reuniu esta noite e sugeriu ao editor que publicasse mais um conto do Johan, o esquizofrênico. 

É um conto sujo, torpe, captado numa mesa de bar igualmente torpe e sujo do Porto Velho. Não adiantou os meus apelos ao Conselho que lembrou de nossa linha libertina e no limite da irresponsabilidade. Vejo de antemão um embate entre a Belle Bup e o Johan Sputinik. 

Aí, Johan, você é o cara! MOTHER FUCK!
Portanto, tire as crianças da sala. Mas, pelo menos, o conto saiu a la Tarantino...


por Johan Sputinik

A vida sempre nos prega uma peça. Isso é bom. Afinal de contas, ela sempre quer se certificar que estamos vivos.

Era meu aniversário. Havia combinado com a minha mulher de soprarmos a velinha de inauguração do crepúsculo de minha juventude. O sol que se põe por trás de uma montanha que talvez eu jamais suba.

Brigamos. Coisa estúpida. Pura sovinice. Ficou puta quando fui ver na internet qual o cinema que tinha o preço melhor pra fita do Tarantino. Esse filme aí do Brad Pitt justiceiro.

Saí puto de casa sozinho. Sim, veria o filme sozinho e me entorpecer de cachaça. No meio do caminho, ainda de cabeça quente, sentei num bar aqui do Porto Velho. Era jogo do Flamengo. E odeio jogo do Flamengo. Mas os fuxicos e bebericos com amigos de longa data serviam como anestesia.

Anoitece. Não existe ruptura do dia pior que no domingo. Paguei a conta e meti o dedão pro 515 na mão do diabo. É, o diabo é um sujeito legal às vezes.

Parei no Repartição e pedi uma daquelas longnecks saarianas. O gelo ali é pura maquiagem do gerente de planilha. Cobram caro pela cerveja para dar o mínimo de legitimidade ao roubo.

Quando aparece uma mulher que semanas atrás foi a pivô de uma furada no olho de um camarada que também não conhecia direito.

Encheu o saco pra eu dar uma pirocada nela. Tava meio puto. O meu lado sádico se aflora e a levo então pra um hotel barra-pesada dali da Visconde do Uruguai. Chiou, é claro. Mas depois sentiu-se à vontade frente a sua desenvoltura naquele espelho quebrado do quarto xexelento.

Dias depois, no Mezzo, casualmente se encosta à mesa. Senta e bajula. Queria piru e cerveja. Pensei no que fazer para me livrar de uma vez por todas da pirigueti. Liguei pra um amigo meu que vende aquilo que brilha. Agora era só brochar. 

Chamei um taxi e morri em 60 pratas até o Moulin Rouge. Com o pragmatismo cafajeste, embranqueci o mármore negro enquanto ela, com os lábios, terminava com minha reputação.

Dia desses passa por mim com olhos arregalados. Sim a crônica do monstro anunciado.

BUHH!   

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

VIDEO DO DIA

Como tá friozim, né?  posto agora uma das maiores bandas-espetáculo do soul. Estou falando de Sly and The Family Stone, uns caras que meio que popularizaram a "miscigenação" na soul music universal.

Preste atenção num camarada animadinho da plateia. Ele tem a cara daquele agente funerário do Todo Mundo Odeia o Cris, o Sr. Omar. Hilariante também é a apresentadora.

"MENINOS PENSAM COM O PINTO E QUEREM QUE A GENTE SE DANE"

Minha leitora e joia rara. A Belle Bup acabou de sair daqui depois de me enquadrar. Ela acaba de saber via facebook que este blog que lês virou hit entre suas amigas. Desta feita, aceito as suas ponderações e colo aqui neste espaço limpinho outro texto dela.

Por Belle Bup


Nos bares sujos, os meninos vivem contando vantagem

Oi meninas. Dessa vez o assunto é autoestima e autovalorização.

Os meninos pensam com o pinto e querem que a gente se dane. O único pensamento do rapazola é comer a gente. Se a gente der pra eles, ótimo: somos piranhas e em qualquer mesinha de bar sujo lá estará o nosso nome a ser esculachado pelo garoto que sempre aumenta o que fez na cama.

Fazer sexo ocasional e sem compromisso às vezes até rola. Mas tem que haver um mínimo de critério, meninas. Homem comédia não nos merece, num é mesmo? Garotão com cordão grosso e carrão turbinado tem algum tipo de trauma e quer provar alguma coisa pros amiguinhos. Então, cuidado!

A mulher é uma jóia e deve ser tratada com carinho e respeito. Se não for assim, o nosso nome fica na roda para sempre. Uma mulher de verdade quer ser amada e respeitada. Homem de verdade sabe disso e jamais vai nos humilhar ou ofender. Saiba que homem merece conhecer e usufruir de nossa pele.

DEPOIS DA ACIOLI, O FREIXO?

Insone leitor, posto agora uma entrevista do valente (mas nem de longe candidato a mártir) Marcelo Freixo, o deputado que segurou a pemba na CPI das milícias na ALERJ.

A matéria foi publicada no caderno Aliás do Estadão. E, aliás (sem fazer trocadiho), muito esclarecedora.

Lembrando que em São Gonçalo Freixo obteve quase 8 mil votos. Lembrando também que, segundo a Isto É, São Gonçalo é a nossa Sicília, uma aprazível cidade mafiosa no sul da Itália...


Deputado que inspirou personagem de Tropa de Elite 2 está em lista atribuída a assassinos da juíza 


EX-PROFESSOR DE HISTÓRIA, DEPUTADO ESTADUAL PELO PSOL, PRESIDIU A CPI DAS MILÍCIAS EM 2008

O bem vencerá o mal?
por Ivan Marsiglia

Na terça-feira, cinco dias após o brutal assassinato da juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, uma informação assustadora foi transmitida ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Segundo relato feito ao Disque-Denúncia, a morte da juíza teria sido encomendada por três detentos do presídio Ary Franco e, na lista dos criminosos, estariam mais duas pessoas marcadas para morrer: outro juiz, da 4ª Vara Federal de Niterói, e o próprio Freixo.

“Receio dá, pois eles podem tirar minha vida, sim. E não tenho nenhum projeto de virar memória”, admite o niteroiense de 44 anos, casado, pai de dois filhos. Formado em história pela Universidade Federal Fluminense e ex-pesquisador da ONG Justiça Global, Freixo coordenou projetos educacionais em presídios e, em mais de uma ocasião, atuou como negociador durante rebeliões. Eleito com amplo apoio da classe artística e intelectual do Rio, presidiu em 2008 a CPI das Milícias, que investigou as conexões desses grupos com parlamentares e resultou na cassação do deputado Álvaro Lins. Desde então, vive escoltado por seguranças. Foi Freixo quem inspirou o cineasta José Padilha na construção do personagem Diogo Fraga, militante de direitos humanos e antagonista do Capitão Nascimento que depois se alia a ele no filme Tropa de Elite 2.

Nesta entrevista, que concedeu ao Aliás na saída da missa de sétimo dia da juíza Acioli, quarta-feira, o deputado dispara contra a política de segurança pública fluminense e federal. Considera a execução ocorrida no dia 11 “um divisor de águas” na ação do crime organizado, que até então via juízes, promotores e deputados “cadáveres caros demais”. Ensina que, diferentemente dos traficantes, os milicianos não constituem um Estado “paralelo”, mas “leiloado”: são máfias dotadas de projeto de poder, domínio de território e influência eleitoral, constituindo “uma instância do crime organizado muito superior”. E faz um alerta: se não houver resposta firme das autoridades, o crime contra a juíza será o primeiro de muitos.

Como se sentiu ao ver seu nome na lista de ameaçados em que constava a juíza Acioli?

Desde que presidi a CPI das Milícias recebo ameaças. A última foi no mês passado. Elas chegam por carta, pelo Disque-Denúncia, por presos que respeitam meu trabalho e dizem ter ouvido planos do tipo ou por interceptações telefônicas feitas pela polícia. Até que ponto vale expor a si próprio e a sua família com esse trabalho? (Pausa) Receio dá. Estou saindo muito abalado da missa de Patrícia. Pensei que ali, no lugar dos filhos dela, poderiam estar os meus. Claro que isso passa pela minha cabeça, mexe comigo. Se dissesse que não, estaria mentindo. A gente se sente vulnerável. Sei que não posso deixar de fazer o que faço, mas preciso tomar cuidado. Porque eles podem tirar minha vida, sim. E eu não tenho nenhum projeto de virar memória.

Conhecia a juíza Acioli pessoalmente?

domingo, 21 de agosto de 2011

O PROGRESSO, DEFINITIVAMENTE, CHEGOU A ITABORAÍ

Mulheres atrás do seu quinhão no Eldorado do Visconde

Recebi por email uma matéria muito bem escrita sobre a invasão das "mulheres de vida fácil" às terras do Visconde de Itaboraí. Intrépido leitor, essa peça jornalístico-literária é do repórter Ricardo França publicada no jornal O São Gonçalo em 12 de agosto.

Assim, Itaboraí confirma e consolida os outros indicadores econômicos. Sim, prostituição é um indicador econômico de comprovação empírica! O texto é meio longo. Mas quem se importa? Viva o progresso!

Comperj já está movimentando a economia: As meninas chegaram!

Quando os relógios marcam 17h, encerrando o expediente no Comperj, elas já estão de prontidão na primeira curva da Rua S, quase esquina com a RJ-116. Tatuagens à mostra, shortinhos jeans, mini-saias, óculos escuros modelo anos 70 e panfletos amarelos nas mãos: a ‘blitz’ do sexo aguarda a passagem das dezenas de vans, ônibus e automóveis que saem do canteiro de obras. Às 17h10, quando os primeiros veículos começam a passar, uma delas toma à frente. Braço direito estendido, mão espalmada indicando ‘pare!’, avança na pista abrindo caminho para o ‘pelotão’ e interrompe o trânsito com a autoridade de uma policial militar. De repente, vira de costas para a estrada, inclina levemente as costas, arrebita as nádegas, ‘mira’ o bumbum para o próximo ônibus e arria, de sopetão, a calça de moleton. É o início da ‘emboscada’.

O alvo, no final de tarde daquela sexta-feira, 8 de julho, era mais uma vez os cerca de quatro mil operários contratados de firmas terceirizadas da Petrobras. ‘Ferido’ pelo ataque surpresa, o motorista do ônibus se ‘rende’ e mete o pé no freio. A cena do ‘bumbum’ revelado cai como uma granada no interior do coletivo e explode em euforia. O ônibus ganha vida, braços e cabeças nascem pelas janelas como um bicho surreal feito de ferro, gente e pneus. Dele, bocas gritam ao mesmo tempo expressões impublicáveis enquanto mãos procuram os panfletos amarelos empunhados pelas garotas de uma ‘boate’ de Papucaia, distrito de Cachoeiras de Macacu, a 13 km da Rua S. A panfletagem do endereço da casa de saliência vira, então, um aperitivo de show pornô a 4 km do canteiro de obras do maior polo da indústria petrolífera do País.

PORTO VELHO E SUAS HISTÓRIAS

Meu bravo leitor. Deixo com você um texto dentro de um Projeto que tive chamado "Porto Velho: Crônicas de um Bairro". O texto é de 2002 e foi publicado no zine O Idiota que mantive na minha época de UFF.

Boa Leitura.

O Samba Daqui

Era mais um fim de semana. E fim de semana era festa no Porto Velho. Afinal, no sábado seria escolhido o samba-enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Bohemios da Madama. O bairro inteiro vestia as cores verde e branco da Escola; surdos, repeniques, cuícas e toda a família percussiva do samba já estavam prontos para receber a imensa multidão que costumeiramente se espremia na quadra do que é a maior expressão da cultura popular brasileira.

O Lan não conheceu a Marinalva
 Sempre foi um privilégio saber que a porta da sala de minha casa ficava de frente a maior expressão da cultura popular brasileira... As palavras que desfilam nessas linhas têm muito do testemunho de um sobrado, que fica à Rua Antônio Gonçalves, 99, palco de minha primeira infância à sombra de dois tamarindeiros, projetando em minhas lembranças a imagem lúdica do jogo de bola de gude e dos primeiros movimentos com a pelota de couro surrada no terreno de dona Guiomar. Uma lente de cores suaves na tela tridimensional do tempo.

Eu era muito pequeno, e já um moleque ansioso em atropelar o inexorável: o tempo de todas as coisas e todas as coisas do tempo. A compreensão de mundo na infância é mais pelo fantástico que por bases racionais de apreensão da realidade. Daí a enorme capacidade que a criança tem em se intrigar com tudo que vê, única coisa em essência que vamos perdendo quando crescemos. A disciplina da convivência humana, sem se dar conta, extermina a possibilidade de formação autônoma do indivíduo, forçando-nos a entregar assinada uma espécie de promissória com data de resgate indeterminada. A velada tragédia do mundo moderno.

É, mas uma mulher me intrigava. Obviamente que a chamarei de Marinalva, justamente por este não ser o seu verdadeiro nome. Marinalva encantava a todos. Havia uma coisa nela que no fundo todos querem ter: a magia que fazia todos quererem comê-la. Coitada, mal podia andar na rua. Só um aceno protocolar não era suficiente. Generosamente, deixava de lado o seu andar firme e olhos corajosamente centrados adiante a oferecer àqueles homens o toque em sua pele, o seu sorriso, como quem, caridosamente, faz a um despossuído uma filantropia.

Ela não ligava muito para os murmurinhos das calçadas, das mulheres gordas da santa inquisição do matrimônio, aliás, acreditava mui sinceramente em sua função. Ela era o Belo, e todas as dores e prazeres nele embutidos deveriam ser compartilhados e fraternos.

Ela não era de bater perna à toa na rua, não. Trabalhava, e muito, como uma das melhores, senão a melhor, manicura do bairro. A clientela que não é muito afeita às artes da vaidade garantia o seu numerário, com pé, mão e algumas prendas, aceitas de bom grado, por beijos e abraços perfumados, mas que a bem da verdade e do esclarecimento acerca de qualquer malversação de seu caráter, não eram acompanhadas de quaisquer ordinárias intenções; assim ela marotamente bem fazia parecer. Mas naquele sábado, o expediente acabaria mais cedo, mesmo sob protestos efusivos mas não muito eloquentes da cafajestada.

É que a moça fazia do samba uma profissão de fé. A sua devoção à Escola, mesmo nas horas preliminares ao grande êxtase do batuque, beirava o ritualístico. O instante solitário do seu quarto testemunhava a habilidade com que usava os apetrechos de realce à beleza feminina; o óleo, que delicadamente untava e reluzia em seu corpo instigante de cor brasileira junto às várias  matizes de purpurina, combinando, lascivamente, com um pequeno conjunto de duas peças e plumas nos ombros. Os pés, cuidadosamente abrigados num par de calçados que só usa quem tem talento. Depois de finalizada as orações em seu particular altar de madeira espelhado, chegara a hora de vestir o seu sobretudo tropical e caminhar pelas ruas lotadas e exaustas pela espera proporcionada pelos seus caprichos.

Naquele momento Marinalva deixava de ser uma pessoa comum para se transformar em entidade. Sim, uma entidade que tinha em si todas as representações da existência humana. A fantasia sempre foi melhor que a realidade. Ela transpirava o samba. Ela era o samba. E as ruas, com suas multidões famintas, viam nela o sentido e a profunda expressão do ato final de suas vidas: estarem ali e vê-la passar era eternizar este pequeno-grande momento.

Marinalva passava, soberana e onipresente, nos paralelepípedos da Júlio Reis. O gingado do seu corpo era a simetria perfeita no vácuo da ação da gravidade e o omisso chão, na deferência da marcação de um surdo em um tempo que insistia em não passar.

Dobrara a esquina da Quadra que pacientemente a esperava com a fina flor da sociedade gonçalense, da contravenção e de outros não classificados. Foi recebida pelo patrono da Escola - ora, pois! - e por alguns senhores do mais fino trato do popular jogo do bicho que complementavam a diretoria. Sambistas de profissão e membros da bateria por ela amadrinhada solfejantes, inclusive, um desconhecido cavaquinista que mais tarde se tornaria prefeito de São Gonçalo pelo PDT.

Depois de estendido o rubro tapete das celebridades, Marinalva pôde, finalmente, adentrar em seu santuário pagão sob gritos entusiasmados e a saudação dos tamborins. Tirou o sobretudo e, por mais uma vez, enobreceu o Porto Velho.

***

Agora, fique com o Gilber T:



            

sábado, 20 de agosto de 2011

QUEM É MAIS SENTIMENTAL QUE EU? SHEILA



Ao meu leitor, tudo! Pois apresento uma querida amiga que ainda insiste em se esconder no armário da poesia.

Educadora, partícipe da gestão gloriosa do professor Helter Barcellos à frente da Secretaria de Educação de nossa pobre cidade, alçada pela revista Isto É como a Sicília brasileira, Sheila, me desculpe, é foda!

Mas, tudo bem, quem deve se apresentar é ela. Se no final você se apaixonar, aqui você a encontra: http://www.amoreacalanto.blogspot.com/

Muito Prazer!


Se queres saber o suficiente a meu respeito, vou te contar. Lápis e papel:
Sagitariana, ascendente escorpião.
Cabeça nas nuvens e os pés também.
Alma livre, mas não suporto solidão.
Rolo uma pedra para o topo do monte: Amizade.
Roubo um raio de sol para acender tua noite: Sensibilidade.
Paro de falar caso queira: Paciência.
Contemplo o Sol, a Lua,  o mar, o céu e as estrelas; gente, bicho, criação: Bondade.
Atravesso mares, desertos e precipícios para encontrar minha flor: Desejo.
Afundo no fundo de seus olhos e fico neles até que se fechem: Lealdade.
Admiro as cores das coisas simples: Amor.
Agora que sabes, não mangues de mim.  Também posso ser prática como uma faca e objetiva como um corte. Crio e recrio todas essas imagens, eu sou assim.
O tempo? O tempo foi ontem, é agora, qualquer hora, sem medir... Isso eu chamo de intensidade.


Muito prazer!

Agora, só o Los Hermanos...



EU E MARISA

Se mulher eu fosse, seria a Marisa
Se não bastasse a cidade eleger a primeira e única mulher prefeita do leste fluminense, temos em São Gonçalo uma das maiores especialistas e militantes das causas das mulheres de todo o Brasil: Marisa Chaves, que hoje encerra os trabalhos da VI Conferência das Mulheres no Colégio Ernani Faria.

E se ovários tivesse, com certeza queria ser a Marisa. Ela é hoje o maior quadro do movimento social da cidade, tendo sob a sua coordenação o Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), o Núcleo Especial de Atendimento à Criança e Adolescente Vítimas de Violência Sexual e Maus Tratos (NEACA e NACA), além da Rede Mulher e da rede de apoio a pessoas com o virus HIV.

Hoje, no Ernani, Marisa e todas as suas fiéis escudeiras e batalhadoras apresentam o formato final de um documento que será apresentado ao poder público no sentido de continuar e aprofundar o que já vem sendo feito nesta área, que tem como grande aliada a Subsecretaria de Políticas para as Mulheres, comandada, também, por nossa workaholic mãe da Lívia. Subsecretaria esta criada com o amparo da Lei 164/08, a única com provisão orçamentária obrigatória em todo o estado do Rio de Janeiro. Saliente-se que o então Projeto de Lei foi de autoria do MMSG.

"É um dia histórico. Jamais houve uma participação tão grande da sociedade. Os grupos de trabalho hoje reunidos discutiram todas as proposições feitas nas outras cinco conferências passadas. Isso é uma prova de amadurecimento das discussões e a certeza das continuidade das políticas públicas voltadas para as mulheres", disse uma orgulhosa Marisa.

A nossa mestre Marisa Chaves simboliza a vitória de um movimento social verdadeiramente organizado. A combinação perfeita entre paixão e conhecimento de causa. Fé na justiça social mas com uma atuação consciente e sabedora dos seus objetivos. Por causa disso, o Movimento de Mulheres em São Gonçalo é um exemplo para todo o Brasil.

Atualizado em 23/08/2011

PITANGA EM PÉ DE AMORA E O SEU DIA SALVO

Dileto leitor, agora posto neste espaço limpinho uma banda paulista e despretensiosa de música profunda brasileira. Não, nada de pedantismo ou papo cabeça. É música pra ouvir e salvar o seu dia caso o aches perdido.

LADY GAGA, O CASAMENTO GAY E A ERA DAS INFINITAS POSSIBILIDADES

Meu impaciente leitor e caso insofismável de amor, a Lady Gaga é uma perfeita idiota. Leia, por favor, o que o gênio da raça declarou para o coitado do repórter gringo da MTV. Matéria do JB (grifos meus):

Em entrevista à MTV, Lady Gaga disse que se pudesse ser presidente por um dia promoveria algumas mudanças. "Eu ia encontrar meios alternativos de energia e permitiria o casamento entre pessoas do mesmo sexo", disse a cantora.

Depois de revelar o que faria no cargo, Gaga confessou que não gostaria de estar no Salão Oval da Casa Branca "porque a política pode restringir as coisas". 
"Por isso, nossa mensagem tem que ser completamente livre de qualquer política", finalizou. 
"Também gostaria da paz mundial, além de fazer tudo o que pudesse com a crise financeira", completou ela.
    Como pode ver, é um festival de lugares comuns bem ao feitio da cultura pop do imediatismo de consumo. A ítalo-americana Gaga é o supra-sumo do amontoado de baboseiras e sandices que a midia costuma reproduzir de maneira absolutamente acrítica.


Tudo que os gays não precisam é ter o ícone pop como garota propaganda de sua causa. A política, ao contrário do que diz a estrela que não se decide entre Roberto e Alejandro, não restringe as coisas. Pelo contrário, liberta. É através dela que se formará um consenso de paz e o exercício à tolerância ao direito homossexual de utilização do seu próprio corpo.


Veja bem meu caro, a Lady Gaga gostaria (sic) da paz mundial. Coloquemos essa frase ao lado de sua foto, de preferência aquela em que está vestida com carne bovina, no campo de refugiados da Somália ou Etiópia. Ali, a expressão "quero comer você todinha" deve ser encarada ao pé da letra. Seria um libelo antropofágico de dar inveja aos modernistas de 22.


O que é mais assustador, entretanto, é a sua inclinação fascista. Já vimos que ela nega a política, mas o buraco é mais embaixo: ela nega a própria democracia! Então, cuidado. Isso não tem nada de libertário, é o tipo de discurso que a direita precisa para sustentar essa insanidade que a alimenta.Chegamos, no Ocidente, a uma era bastante delicada: a Era das infinitas possibilidades. Como diz a canção do Metrô nos 80, no balanço das horas tudo pode mudar... Alejandro, Alejandro...
Os somalis comeriam ela todinha

NÃO SE ENGANE: A DIREITA ESTÁ VIVA E COM UNHAS AFIADAS

Faço agora uma coisa que não quero fazer sempre nesse espaço: reproduzir textos que já rolam na rede em grandes portais de notícias. Mas é do Mauro Santayana, né...


Ele discorre sobre um assunto do qual eu morro de medo, a chegada ao poder destes lunáticos de direita a la Tea Party e representado aqui pelo Zé Chirico "Cerra", o jênio, como diz o PHA.


Aproveitando a oportunidade que o honorário leitor me proporciona, ofereço o video de uma "representada" pelo DEMOcratas naquela peça humorística, digo, publicitária do partido.






Texto postado originalmente no JB ONLINE.



A sombra dos anos 30


por Mauro Santayana


O século passado teve como eixo a década de 30. Ela se iniciou com a crise econômica mundial, que estas últimas horas de angústia nos mercados financeiros fazem lembrar, e se fechou com a conseqüência prevista pelos céticos: o início da Segunda Guerra Mundial. Foram os anos do grande confronto entre a esquerda e a direita, com contradições, idas e vindas, ilusões e tragédias, que os livros registram. Em suma, sinistras lições aos homens, que devem ser meditadas, para que o mundo não volte a ser encharcado de sangue.


Muitas são as teorias que tentam explicar aquela amostra do apocalipse. A mais conhecida é a de que, derrotada e humilhada em 1918, a Alemanha buscava a revanche com Hitler. Para isso, seu líder, encarnando o velho orgulho prussiano, obtivera o apoio da Nação a fim de vingar-se de seus inimigos e expandir o  espaço vital, que consideravam necessário à plena realização de seu destino de povo de senhores.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

FALA TU! COM RhEINALDO BASO


ITABORAÍ SE SUSTENTA?

Alvíssaras! 


Recebo email com o texto da socioambientalista, geógrafa e mãe do João - também meu filho que é uma espécie de EU melhorado - que não está nada animada com a expansão do reino panissetiano nas terras do Visconde.

Ó pobre Itaboraí! Tão  grande para os teus, tão pequena para a ganância dos de fora!


Tornaste uma grande mulher karenina. Te amo.  


Sem tratamento de esgoto, Itaboraí segue rumo ao desenvolvimento (in)sustentável

Por Karla Karina

Itaboraí tem sido chamada de “cidade do futuro” após o anúncio da instalação do COMPERJ. Com crescimento de cinquenta mil habitantes apenas no ano passado e previsão de um milhão em dez anos, ainda há muito a fazer para que o município saia do atraso e trilhe um caminho mais sustentável do ponto de vista socioambiental. Uma das ações mais urgentes é o esgotamento sanitário, inacreditavelmente ainda ausente no município.

Segundo o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) produzido em maio de 2010, o tratamento de esgoto é quase inexistente. As duas únicas estações de tratamento, na Reta Velha e Itambi estão desativadas e as redes coletoras assoreadas. Então, a saída é a ligação direta com as galerias de águas pluviais (que só deveriam receber água da chuva), construção de fossas ou lançamento direto nas ruas.
O resultado dessa omissão por parte do poder público é o lançamento do esgoto in natura de 300 mil habitantes (!) nos cursos fluviais da cidade, contaminação do lençol freático através da construção indiscriminada de fossas e riscos à saúde pública quando lançado nas ruas a céu aberto.

Os problemas ambientais provocados também não são menores. Como os rios que passam pela cidade desaguam na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, importante área de manguezal ainda preservada no entorno da Baía de Guanabara, a contaminação, que já é grande, tende a aumentar vertiginosamente. E certamente, se nada for feito, em um prazo não muito grande, teremos uma degradação irreversível para a flora e fauna locais.

Por esses trilhos não verás mais passar
quem você era, ó pobre Itaboraí
E no que isso implica?  É no mangue que peixes, moluscos e crustáceos encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies de fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico. Nesse contexto, a APA de Guapimirim é uma das poucas regiões que ainda “abastece” a Baía de Guanabara com recursos pesqueiros, mas o ecossistema local pode não resistir caso a poluição atinja níveis mais altos. Poderia ser o fim, por exemplo, da coleta de caranguejos, atividade tradicional da região de Itambi.

Para reverter esse quadro, o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), afirma que 80% da população de Itaboraí será atendida com redes de coleta de esgoto em até 12 anos a partir de 2010, e 90% do esgoto coletado será tratado em até 3 anos. São metas ambiciosas para um município que se manteve estanque e na contramão do desenvolvimento justo e sustentável até os dias atuais.

Tendo em vista, de acordo como próprio PMSB, que o cronograma de implantação de redes de coleta e tratamento de esgoto já está correndo, precisamos cobrar para que essas metas realmente saiam do papel.

Saiba mais sobre o PMSB no link: http://itaborai.rj.gov.br/home/PMSB.pdf

Karla Karina é geógrafa e socioambientalista

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

MARCO REGULATÓRIO CAUSA CALAFRIOS NOS TUBARÕES DA MIDIA

Como ninguém sabe, engatinho na área de comunicação. Tenho uma editora e edito alguns jornais além de fazer assessoria na área.

A decisão de fazer este espaço e me tornar um blogueiro tem elementos de ordem pessoal, óbvio, mas um outro foi essencial para que eu me dispusesse a ficar algumas horas do dia de frente ao computador: a luta pela democratização dos meios de comunicação e a garantia real pelo direito de expressão.

O Governo Lula, através do seu então ministro Franklin Martins, levantou a bola desse assunto, mas parece que quem tá fazendo gol são as grandes corporações de midia que todos nós conhecemos bem.

Essas corporações, lideradas pelas Organizações Globo, não querem nem ouvir falar em democratização e muito menos controle social das comunicações, pelo simples motivo de que serão obrigadas a prestar contas do que fazem. A campanha presidencial do ano passado chegou ao limite do esgarçamento entre interesse público e privado.

Esse blog  que lês tem um banner lateral do Instituto Barão de Itararé, que é uma (senão a maior) referência de discussão sobre o assunto. Por ora, deixo vocês com um video do Observatório da Imprensa com a entrevista de um gringo norte-americano falando da necessidade de uma regulação externa da imprensa. Vide o caso Murdoch na Inglaterra.