quarta-feira, 17 de agosto de 2011

ARTE E CULTURA SÃO COISAS DE DOIDÃO?

Evoé. Um companheiro meu das tintas e de longa data faz um cafuné no professor e ativista cultural André Correia e pergunta:.

Arte e Cultura são coisas de doidão? 

Por Armando Palavra
André no purgatório da FFP

ISSO QUANDO A MINHA SANTA MÃE - que Deus a tenha - pegava leve e não emendava que arte era coisa de veado e vagabundo!

Era terrível, devo confessar. Quando guri no Porto Velho, todo mundo que passava na rua, que a gente sabia que fazia teatro ou que pelo menos segurasse um violão, não era perdoado: MACONHEIRO! VIADO! VIADO! Gritava com a convicção que minha mãe julgando-se ajuizada me passara. Putz! Quanto mal fizemos a auto-estima desse pessoal...

Na escola não era diferente. Se eu fizesse uma merda grande, a ponto de ficar ajoelhado no feijão (eu fiquei no Célia Peniche), pronto: lá vinha a professora dizendo que eu fiz “arte”. Ah, o castigo? Esse aí que eu te falei, sendo que na solidão da biblioteca. Lá estavam os livros a me torturar, rindo da minha cara.

Digo a você que não era pra eu gostar de ler. Aliás, conto aqui uma história interessante. Quem me salvou do trauma da biblioteca foi Machado de Assis e o seu conto “O Alienista”. Sabe, fui na banca, já adolescente de mão cabeluda, comprar uma revista pornô. Naquela correria do jornaleiro inescrupoloso em me vender “conteúdo impróprio para menores”, acabou embrulhando a mercadoria errada.

Ansioso e cheio de tesão juvenil, acabei me apaixonando pelo dr. Simão Bacamarte...
Rapaz, minha vida virou um inferno. Comecei a ler e ler. Foi quando bati de frente com tudo que a minha mãezinha dizia. Principalmente por causa do tal do paradoxo. Dizia ela: você tem que estudar! Estudei, segui o seu conselho. Mas saí do seu mundo.

Ela, iletrada, do interiorzão do Brasil, religiosa, tinha a sabedoria suficiente e a persuasão baseadas na técnica da ladainha, do conselho repetido à exaustão para que eu não tivesse a vida de escassez que ela tivera. Estudo e trabalho eram o seu mantra.

Fiz essa volta toda para parabenizar o grande André Corrêa que se utiliza do estudo e do trabalho duro para atuar nesse mundo de “doidão”, “veado” e “vagabundo”. O Projeto Alternativo, tocado por ele, dá frutos desde os tempos da UERJ/SG e se consolida com o Quarto das Artes, mix de arte e cultura que reúne vários artistas da cidade de São Gonçalo num grande ato de possibilidades. 

André não reclama, trabalha. André não divaga, estuda. E prova de modo bem singelo que arte é o ato de se expressar e ponto. Não precisa de mais nada além do querer artístico para desenvolver, em qualquer espaço, o ato da expressão e da criação única do artista.

No próximo sarau no Carequinha estarei lá, amigo.  

Um comentário:

  1. André Correia, Cruzado da arte gonçalense e companhia SEMPRE agradabilíssima para papos e papos.

    Evoé, André!

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