terça-feira, 25 de setembro de 2012

ELE VEIO DE LONGE SÓ PRA LHE PEGAR...




“Raul Seixas e Raulzito/Sempre foram o mermo homi/mas pra aprendê o jogo dos rato/Transou cum deus e cum o lobisomi.” 

Assisti, com mi amore, - como quem ainda roça a brevidade do tempo - no pomposo e lendário Cine Odeom-Petrobras, localizado no Largo histórico da Capital da Província, a Cinelândia, ao maravilhoso documentário  “O início, o fim e o meio”, do diretor Walter Carvalho, que narra a impressionante história do maluco mais coerente já nascido nas terras da Bahia de Todos os Santos.

O homi, divino e pagão; humano, pertubadoramente humano e, por isso mesmo, cheio de contradições, reensinou a este humilde escriba a miséria da existência que teima em subexistir num ambiente hipócrita que premia prioritariamente os canalhas nesse teatro escroto donde o roteiro é a eterna variação sobre o tema de nossas ilusões passageiras e cheias de dentes brancos e saudáveis como num comercial da Colgate.

Escrever sobre o Raul é uma missão inglória acerca do mapeamento das coisas, a dimensão do homem. Como ser ao mesmo tempo o gozo e o seu anticlímax? E só mesmo a ironia para harmonizar tais extremos através da arte, pelo olhar do gênio Raul Seixas. Nenhum outro artista brasileiro conseguiu levar para sua música questões tão complexas de nossa finitude humana e transformá-las em hit, sejam em canções proto-gospel e místicas como Tente Outra Vez e Gita, políticas, representadas em Sociedade Alternativa e Aluga-se, até as existenciais, na auto-declaração Eu Sou Egoísta, na ultraclássica Metamorfose Ambulante e no hino da desilusão Ouro de Tolo.

Raulzito foi muito importante na formação deste escriba, para o bem e para-além o mal. Aliás, experimentei com ele esta deliciosa ambiguidade, dualidade do viver e do aprender. Espantei, ali, qualquer possibilidade de ser conduzido por esse troço maniqueísta de ser. Portanto, me tornei, assim, meio baiano também.

Amando o contraditório nas coisas sem enxergar, necessariamente nisso um paradoxo. Em suas palavras, aos 11 anos de idade também já desconfiava da verdade absoluta.

E, programadores destas salas daqui desta freguesia, adoro a capital da província, mas, por favor: Toca Rauuuulll!

sábado, 22 de setembro de 2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TRÂNSITO DE SG À BEIRA DE UM COLAPSO

Prefeitura reprimiu estacionamento irregular visando ordenar o trânsito em São Gonçalo. Resultado: protestos


Trafegar pela pela cidade está cada vez mais difícil. Avenidas centrais de São Gonçalo já dão sinais nítidos de saturação e estão próximas de um verdadeiro colapso. Ruas como Feliciano Sodré e Presidente Kennedy, que ligam o Centro à Niterói e à Alcântara, tiram a paciência de motoristas e usuários do transporte coletivo nos horários de pico do início da manhã e fim da tarde.

Outra via em situação crítica é a RJ 106 no trecho de Alcântara. A situação promete ficar ainda pior depois da inauguração de dois empreendimentos de grande porte na Av. Maricá, o supermercado Guanabra e um novo shopping, além do novo fórum, a ser construído no Colubandê.

Segundo o urbanista e geógrafo Mauricio Mendes, a prefeitura não está fazendo o seu dever de casa antes de liberar esses novos empreendimentos. “São Gonçalo sofre de um mal crônico de falta de planejamento viário. A prefeitura nada ou pouco fez para mudar essa realidade produzida no passado. O desenvolvimento econômico e o aumento da frota de veículos tendem a estrangular ainda mais o sistema”, disse Mendes.

O número de emplacamentos em São Gonçalo de 2002 até 2011 teve uma aumento de 150%, passando de 90 para 205 mil veículos que disputam espaço em ruas estreitas da cidade, muitas delas tendo a sinalização desrespeitada nas vias intermediárias, o que resultou, recentemente, numa grande operação de repressão pela Secretaria de Transportes, que adotou como estratégia de ordenamento do trânsito o reboque dos carros estacionados de modo irregular. Atualmente, a operação batizada de Calçadas Livres está parada devido aos protestos dos motoristas que reclamam de falta de informação através da prefeitura.

Ainda segundo Mendes, a prefeitura deve racionalizar o trânsito a partir de intervenções inteligentes, combate ao estacionamento irregular, além de construir um “arco viário suspenso” na região do Alcântara ligando as ruas Alfredo Becker, Maricá e a RJ 104. Mauricio Mendes lembra ainda que é necessário pressionar politicamente os governos federal e estadual pela construção do terminal das Barcas e do Metrô, fundamentais para aliviar o fluxo de veículos tanto para Niterói quanto para Itaboraí.  

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

QUEM SERÁ O PREFEITO DESTA FREGUESIA?

Sete candidatos disputam esta trepidante corrida rumo ao nº 100 da Feliciano Sodré. Façam suas apostas


Sete de Outubro é logo ali e todos os candidatos a prefeito procuram se acomodar nas dependências da prefeitura à Rua Feliciano Sodré, 100, como governantes desta cidade que é grande em população, mas ainda nanica no que se refere ao índice de desenvolvimento humano (IDH) do estado, embora, frise-se, venha melhorando nos últimos anos em indicadores importantes, como educação, saneamento e emprego.

Em 2012 sete candidatos concorrem à prefeitura, desde 2005 ocupada por Aparecida Panisset, que se esforça em deixar o seu legado ao ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Adolfo Konder (PDT).

Contra Konder, disputam o deputado federal Neilton Mulim (PR), a ex-secretária de Cultura, Alice Tamborindeguy (PP), o Professor Josemar (PSOL), Mauro Sérgio (PHS), Dayse Oliveira (PSTU) e Graça Matos (PMDB), que concorrerá pela 3ª e, talvez, última vez, buscando superar o trauma de duas derrotas consecutivas para a atual prefeita.

TRANSFORMAÇÕES NA CIDADE JÁ SE REFLETEM NA POLÍTICA

A Classe C é um fenômeno brasileiro que tem alavancado o consumo e os índices econômicos do país. Isso é um fato, porém simplista se não enxergarmos todas as transformações sociais, culturais e políticas que decorrem da melhoria de vida e de renda destas pessoas a partir de 2004 sob a batuta do presidente Lula, que optou pela inclusão social como mola mestra do desenvolvimento a partir do fortalecimento e crescimento do mercado interno. 


O vereador Marlos Costa (centro) quebrou o paradigma político histórico de orientação assistencialista na Câmara de Vereadores em São Gonçalo se aproximando de intelectuais, do funcionalismo público e da juventude gonçalense. Ligado aos movimentos de base da Igreja Católica, conseguiu dar visibilidade política a este segmento novamente numa cidade onde os evangélicos têm grande influência e peso decisório

Essa política de desenvolvimento acertou em cheio a cidade de São Gonçalo, hoje habitada em sua grande maioria por pessoas da Classe C, com renda percapita entre R$ 300 e R$ 1.000. Atualmente, muitos estudiosos usam o município, inclusive, como estudo de caso para o que está acontecendo com o resto do país.

Um conjunto de  injunções econômicas resgatou a tradição industrial gonçalense a partir do renascimento da indústria naval e dos investimentos da indústria do petróleo com o Comperj. Os empregos voltaram para a cidade e incrementaram o surgimento de novos postos de trabalho na área de serviços com pelo menos 4 grandes empreedimentos de grande porte.

O acesso à renda viabiliza o acesso à cidadania em todas as suas dimensões, sobretudo política, antes amarrada a uma teia assistencialista que sobrevive apenas em meio à pobreza e à falta de perspectiva.

Um exemplo claro destas mudanças que ocorrem na cidade foi a eleição do vereador Marlos Costa, 37, em 2008. Ele que é de Alcântara, também é oriundo desta mesma Classe C, e conseguiu ascensão social através da educação (é advogado formado pela UFRJ e auditor do TCE). Filiado ao PT, é considerado o primeiro político de “opinião” eleito depois de muitos anos em São Gonçalo, diferentemente de seus colegas na Câmara, identificados ao assistencialismo e ao poder econômico quase sempre decisivos nos resultados das urnas.

A sua origem social e a forte consciência de classe foram facilitadores naturais para que se aproximasse das questões ligadas à educação, cultura e ao funcionalismo público municipal através do sindicato da categoria, que atualmente trabalha por sua reeleição. Outro fator representantivo surge de seus esforços pela modernização da administração pública, que resultaram em dezenas de audiências públicas com o executivo e leis visando a racionalização e desburocratização das relações entre prefeitura e sociedade.

O vereador Marlos é o maior representante desta nova classe média gonçalense, emancipada e ávida por melhorias concretas em sua qualidade de vida, além de ser postulante real ao cargo máximo da municipalidade. Isso, é claro, se o seu partido tiver juízo e abrir caminho para a sua maior estrela em São Gonçalo.




AS DORES DE CRESCIMENTO DE UMA CIDADE CHAMADA SÃO GONÇALO

Olá amigo leitor. Como sabemos, a freguesia de São Gonçalo do Amarante completará 122 anos de autonomia político-administrativa no dia 22 de setembro do ano de Nosso Senhor de 2012.

Este humilde escriba contribui para a compreensão desta cidade postando um especial com algumas observações sobre diversos temas que vão desde história, urbanismo, política e economia.

Boa leitura.

Imagem icônica de São Gonçalo: Igreja Matriz, no Bairro Zé Garoto, bem no centro de São Gonçalo


George Savalla, o nosso eterno Palhaço Carequinha, e Altay Veloso, músico e compositor de primeiríssima, são os nossos maiores ícones nativos da cultura nacional. Os dois ainda guardam semelhanças afetivas às terras de Gonçalo Gonçalves, colonizador português que batizou essas bandas ao leste da Capitania de São Sebastião do Rio de Janeiro com o nome de São Gonçalo do Amarante, beato católico transformado em santo protetor de todos os artistas e boêmios.

Tanto Savalla quanto Altay afirmaram jamais abandonar a cidade. O primeiro, morto em 2006 em sua casa, no bairro Zé Garoto, aos 90 anos, cumpriu a sua promessa de ser enterrado no cemitério de São Gonçalo, a poucos metros de onde morava. Já Altay Veloso, um dos maiores compositores da música popular brasileira, permanece no mesmo lugar aonde nasceu, no bairro Porto da Pedra. “Não vejo motivo para sair da cidade, mesmo com tantos problemas”, disse ao Apologia em 2008 o autor da ópera O Alabê de Jerusalém e tantos outros sucessos e pérolas do cancioneiro interpretados por artistas como Alcione, Emilio Santiago e Roberto Carlos.

São Gonçalo, município oficialmente criado em fins do século XIX, só assegurou plenamente a sua autonomia em 1930 ajudado pelos ventos da revolução que promoveu um rearranjo político-institucional no país, que alçou ao poder da república o gaúcho Getúlio Vargas. A cidade, que basicamente se resumia ao distrito de Neves em sua parcela mais urbana,  viveu a sua glória entre as décadas posteriores de 40 e 60, quando nessa mesma região até o Barreto foi erguido o maior complexo industrial do antigo estado do Rio de Janeiro.