Na reta final o que vale é a paixão... |
Exausto leitor, vamos respirar fundo, contar até dez, que a eleição é logo ali.
Se alguém reclamou de um primeiro turno modorrento, eis que a atual fase da peleja nesta freguesia nos reservou fortes emoções em ambos os lados adversários.
Adolfo Konder (PDT), do alto de seus 17 pontos de vantagem no primeiro turno (obteve 42 contra 25 de Mulim) entrou, mesmo sem querer, numa perigosa zona de conforto, artificialmente ampliada após a adesão natural do PMDB estadual à campanha pedetista, mesmo desfalcado da candidata derrotada Graça Matos. Quem acompanha o blog sabe que já tratei do quadro de alianças antes e depois do primeiro turno. Konder, que já tinha os apoios no município e do governo federal, festejou, em grande júbilo, a conquista da "tríplice aliança" com a entrada entusiasmada do governo do estado na campanha.
As movimentações pedetistas deixaram Neilton Mulim (PR) isolado, sendo obrigado a se servir do que tinha à mão no mercado eleitoral gonçalense: a composição política com o presidente da Câmara, Eduardo Gordo, e mais 11 vereadores, entre atuais e eleitos. Uma movimentação que envolve, além de espaço no governo, a presidência da Câmara numa hipotética reeleição de Eduardo Gordo, que ainda espera julgamento no TSE.
A aliança Mulim-Gordo não foi bem digerida por parcela do eleitorado, e mesmo antes do lado de lá soltar o primeiro rojão para comemorar o tiro no pé do adversário, eis que surgem fatos logo explorados como políticos pela candidatura Mulim na conta da campanha pedetista. Primeiro, materiais de campanha do PR são destruídos por supostos vândalos à serviço da candidatura Konder. Depois, funcionários comissionados (políticos) da prefeitura são flagrados (sic) fazendo política (sic) para o candidato do governo. Bom, não resisto a um comentário: é como um moralista reclamar da paisagem de uma praia num lindo dia de sol...
Coisas de campanha, amado leitor. Nenhum vândalo foi pego e até agora nenhuma moça foi presa por atentado ao pudor, e, se fato ou factóide, o burburinho repercutiu na imprensa, televisão e, claro, nas redes sociais. Se era porco ou tomada, não sabemos. O caso criou uma cortina de fumaça no eleitorado ao mesmo tempo que serviu de antídoto contra qualquer investida pedetista à aliança construída por Mulim com o presidente da Câmara.
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ECOS DO DEBATE
Foi ruim, morno e pouco esclarecedor. Mas registre-se o papel importante da OAB que desde 2008 se esforça em participar cada vez mais do dia a dia da cidade. Parabéns aos outros organizadores também.
Farei um resumo em cima daquilo que acho mais importante: como governar uma cidade enorme, com tantos problemas e com um orçamento baixíssimo para uma população como a nossa?
O desempenho individual dos candidatos foi sofrível. Mas até aí morreu Neves. Não estamos num concurso de miss simpatia. O que me interessou foi a resposta àquela pergunta acima.
O candidato Mulim (PR), da oposição, disse que vai governar com as "verbas carimbadas". É pouco. São Gonçalo é uma criança que precisa de ajuda (federal e estadual) para aprender a andar sozinha. A sua proposta de subsidiar o transporte público é inviável. Campos pode fazer isso. É autossuficiente devido à grana dos royalties. Até ele sabe disso, e para sustentar sua proposta e fechar a conta, utilizou-se do discurso anti-corrupção. São R$ 157 milhões o custo anual para os cofres públicos com a passagem a R$ 1,50.
Adolfo Konder foi mais assertivo e puxou o debate para o mundo real. Claro, é ele que tem as parcerias e usou e abusou desse fato como principal estratégia argumentativa para convencer o eleitor, sobretudo o eleitor indeciso. E acho que convenceu.