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quarta-feira, 12 de março de 2014

DE IMBOAÇU PARA IM(RUIM)AÇU

Maior obra de infraestrutura e de recuperação ambiental da história de São Gonçalo sofre com incertezas para o futuro




AGÊNCIA AB/JORNAL O GUARDA

As obras do PAC Imboaçu de revitalização urbanística e ambiental do entorno do rio que leva o mesmo nome corre o risco de parar em março. Motivo: falta de pagamento do INEA (Instituto do Ambiente) à empreiteira Odebrecht, responsável pelo projeto executivo do empreendimento que atinge os bairros do Engenho Pequeno, Lindo Parque, Brasilândia, Boaçu e Boa Vista.

Os rumores de paralisação das atividades tomaram o imaginário da população ainda em novembro passado e, já em dezembro, surgiram indícios fortes da própria Odebrecht, que demitiu metade dos funcionários do canteiro de obras localizado na Rua Imboassu. Os cortes continuaram a ocorrer em janeiro e em fevereiro atingindo todo o corpo técnico (engenheiros) da obra. Agora e finalmente a empresa está prestes a soltar um comunicado público e oficial anunciando o fim de suas atividades no sentido de pressionar o INEA e o governo federal para que normalizem os repasses dos recursos, algo em torno de R$ 50 milhões de um total de R$ 96 milhões que é o custo total da obra sem aditivos.

Com a indefinição e paralisação das obras, as famílias que já acertaram sua realocação e que ainda não foram indenizadas sofrem com angústia e ansiedade sobre o seu futuro, além de sofrerem o descaso e abandono das autoridades das três esferas de governo (municipal, estadual e federal) que não se pronunciam sobre o assunto.

O PAC Imboaçu faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) sob responsabilidade do Ministério das Cidades que repassa a maior parte das verbas (75%) ao estado que gerencia os recursos. As obras começaram em dezembro de 2012 e têm como previsão de  término junho de 2014.

DEMORA NAS INDENIZAÇÕES IRRITA MORADORES


O cronograma original do PAC Imboaçu contempla 600 famílias/imóveis impactados pelas obras. Desse total pelo menos 400 dessas famílias já finalizaram a fase de negociação para terem direito a indenização. Porém, muitas famílias esperam mais que o estipulado (3 meses) para receberem.

É o caso de Wanderson Barroso, que está desde julho de 2012 esperando o cheque do INEA: “Já perdi três casas por causa da demora. O dono do imóvel não espera e vende pra outro. A minha vida virou do avesso”, disse.

Outro problema grave são as invasões pelo tráfico às casas que ficaram vazias e que ainda não foram demolidas nas ruas Aruana (Boa Vista) e Joaquim Vieira de Souza, no bairro do Boaçu.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A CHAPA ESQUENTOU. TIREM AS CRIANÇAS DA SALA!

Na reta final o que vale é a paixão...


Exausto leitor, vamos respirar fundo, contar até dez, que a eleição é logo ali.

Se alguém reclamou de um primeiro turno modorrento, eis que a atual fase da peleja nesta freguesia nos reservou fortes emoções em ambos os lados adversários.

Adolfo Konder (PDT), do alto de seus 17 pontos de vantagem no primeiro turno (obteve 42 contra 25 de Mulim) entrou, mesmo sem querer, numa perigosa zona de conforto, artificialmente ampliada após a adesão natural do PMDB estadual à campanha pedetista, mesmo desfalcado da candidata derrotada Graça Matos. Quem acompanha o blog sabe que já tratei do quadro de alianças antes e depois do primeiro turno. Konder, que já tinha os apoios no município e do governo federal, festejou, em grande júbilo, a conquista da "tríplice aliança" com a entrada entusiasmada do governo do estado na campanha.

As movimentações pedetistas deixaram Neilton Mulim (PR) isolado, sendo obrigado a se servir do que tinha à mão no mercado eleitoral gonçalense: a composição política com o presidente da Câmara, Eduardo Gordo, e mais 11 vereadores, entre atuais e eleitos. Uma movimentação que envolve, além de espaço no governo, a presidência da Câmara numa hipotética reeleição de Eduardo Gordo, que ainda espera julgamento no TSE.

A aliança Mulim-Gordo não foi bem digerida por parcela do eleitorado, e mesmo antes do lado de lá soltar o primeiro rojão para comemorar o tiro no pé do adversário, eis que surgem fatos logo explorados como políticos pela candidatura Mulim na conta da campanha pedetista. Primeiro, materiais de campanha do PR são destruídos por supostos vândalos à serviço da candidatura Konder. Depois, funcionários comissionados (políticos) da prefeitura são flagrados (sic) fazendo política (sic) para o candidato do governo. Bom, não resisto a um comentário: é como um moralista reclamar da paisagem de uma praia num lindo dia de sol...

Coisas de campanha, amado leitor. Nenhum vândalo foi pego e até agora nenhuma moça foi presa por atentado ao pudor, e, se fato ou factóide, o burburinho repercutiu na imprensa, televisão e, claro, nas redes sociais. Se era porco ou tomada, não sabemos. O caso criou uma cortina de fumaça no eleitorado ao mesmo tempo que serviu de antídoto contra qualquer investida pedetista à aliança construída por Mulim com o presidente da Câmara.

***

ECOS DO DEBATE

Foi ruim, morno e pouco esclarecedor. Mas registre-se o papel importante da OAB que desde 2008 se esforça em participar cada vez mais do dia a dia da cidade. Parabéns aos outros organizadores também.

Farei um resumo em cima daquilo que acho mais importante: como governar uma cidade enorme, com tantos problemas e com um orçamento baixíssimo para uma população como a nossa?

O desempenho individual dos candidatos foi sofrível. Mas até aí morreu Neves. Não estamos num concurso de miss simpatia. O que me interessou foi a resposta àquela pergunta acima.

O candidato Mulim (PR), da oposição, disse que vai governar com as "verbas carimbadas". É pouco. São Gonçalo é uma criança que precisa de ajuda (federal e estadual) para aprender a andar sozinha. A sua proposta de subsidiar o transporte público é inviável. Campos pode fazer isso. É autossuficiente devido à grana dos royalties. Até ele sabe disso, e para sustentar sua proposta e fechar a conta, utilizou-se do discurso anti-corrupção. São R$ 157 milhões o custo anual para os cofres públicos com a passagem a R$ 1,50.

Adolfo Konder foi mais assertivo e puxou o debate para o mundo real. Claro, é ele que tem as parcerias e usou e abusou desse fato como principal estratégia argumentativa para convencer o eleitor, sobretudo o eleitor indeciso. E acho que convenceu.    

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O PESO DAS ALIANÇAS EM SÃO GONÇALO

Amigo (e)leitor. Dia 28 é logo ali e a chapa esquenta. A peleja entre Konder e Mulim entra em sua fase final neste 2º turno e deixa clara pra gente os dois campos em disputa pela prefeitura.

Adolfo Konder (PDT), que no início da campanha era um ilustre desconhecido, segurou firme o timão e conseguiu chegar ao final do 1º turno com uma bela (e consolidada) vantagem frente aos seus concorrentes. Isso demonstra confiança da torcida pela equipe comandada pela professora Maria Aparecida desde 2005. A campanha de Adolfo Konder tinha três objetivos: óbvio, torná-lo conhecido ao eleitorado, colar à sua imagem à prefeita e ao seu bem avaliado governo e expor a necessidade de parcerias políticas para o desenvolvimento da pobre e sofrida cidade de São Gonçalo. Os quase 42% de preferência do eleitorado no 1º turno à candidatura Konder mostrou eficiência da estratégia pedetista.

Já a candidatura Neilton Mulim (PR), que chegou à frente de Graça Matos (PMDB) com pouco mais de 3 mil votos, montou uma chapa conservadora à direita, reunindo tucanos e demos, e precisou correr atrás do apoio da candidata derrotada para se manter competitivo na disputa. Por conta da presença de Anthony Garotinho em sua campanha, que impossibilitou o apoio do PMDB, sobrou para Mulin o apoio do PV, que saiu enfraquecido das eleições, e o apoio do grupo político do vereador e presidente da Câmara Eduardo Gordo, que congrega 11 parlamentares dentre os da atual legislatura e os marinheiros de primeira viagem.

Neste quadro, Adolfo Konder sai beneficiado porque não foi obrigado a mudar os rumos de sua estratégia do 1º turno. Pelo contrário. Os apoios do PMDB e do PP aprofundam a estratégia das parcerias, em que as maiores estrelas agora são o governador Sérgio Cabral e o senador Francisco Dornelles. Konder, que já tinha o apoio dos senadores Lindbergh e Crivela, além do apoio do governo federal,  fecha o arco de alianças e isola o adversário numa trincheira política que não se mostrou eficiente no 1º turno, que foi explorar o fato de Konder não ser natural de uma cidade onde 70% de sua população também não o é. O slogan Não Voto em Forasteiro definitivamente não funcionou.

Por força das circunstâncias, a candidatura do PR foi obrigada a fazer um ajuste na rota ao abrigar o grupo do vereador Eduardo Gordo em sua campanha e num hipotético governo. A notícia desta aliança não está sendo digerida com facilidade por uma parcela do eleitorado, que identifica em Eduardo Gordo o fisiologismo e tradicionalismo políticos tão praticados e cada vez mais rejeitados. Haja vista a renovação espetacular de 80% dos vereadores nesta eleição, e a própria queda da votação de Eduardo Gordo - que teve a sua candidatura impugnada pelo TRE sob a Lei da Ficha Limpa, mas espera julgamento do recurso no TSE.

Este apoio, portanto, deve ter um impacto mais negativo que positivo na campanha Mulim, sobretudo nos votos das camadas médias da sociedade gonçalense que migravam naturalmente para a sua candidatura após as derrotas de seus candidatos no 1º turno. A tendência, a partir de agora, é a escolha pelo voto nulo ou abstenção. Ou até o voto útil na candidatura Konder, porém em menor escala, para barrar a ameaça de vitória da política fisiologista e tradicionalista em São Gonçalo. Mulim deu um tiro no pé e, ironicamente, pode perder a eleição justamente por conta do apoio de políticos tradicionais da cidade.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

SÃO GONÇALO É O PARAÍSO DA OPOSIÇÃO

Meu nobre leitor, São Gonçalo é uma cidade enorme, ficou anos abandonada e por isso mesmo acumulou índices de desenvolvimento humano perversos. Aqui nesta freguesia, portanto, é mamão com açúcar o discurso da oposição colar num ouvido incauto.

Porém, permita-me fazer uma breve narrativa euclidiana acerca de tal geografia citadina à leste da província de São Sebastião do Rio de Janeiro, banhada pelo esgoto industrial que chamam Guanabara e fronteiriça à Praia Grande e às terras do Barão de Maricá e do Visconde.

A freguesia de São Gonçalo do Amarante possui pouco mais de 256 km² de terras quase que totalmente ocupadas por 1 milhão e tantas almas. É a 2º mais populosa do estado e a 16ª do Brasil. Mas esses dados nos dão uma falsa noção de grandeza levando em consideração o orçamento nanico de R$ 670 milhões que obriga o administrador ser bom no rebolado fiscal e flertar permanentemente com outras instâncias do poder a fim de fechar as contas e satisfazer ao cada dia mais exigente (e impaciente) contribuinte gonçalense. Para se ter apenas ideia de uma cidade parecida (mesmo que de longe) com São Gonçalo, Guarulhos tem uma receita de mais de 2 bilhões de reais por ano.

Fazendo uma matemática rudimentar, se distribuirmos o nosso quinhão pelas almas desta freguesia, teremos R$ 67,00 por cabeça. E se levarmos em consideração que 53% da "fortuna" arrecadada vai para o funcionalismo, restam pouco mais de 30 reais per capita gastos por ano com nossas crianças e velhos, tanto em educação e em saúde; pavimentação, manutenção dos semáforos etc, etc. e põe etc nisso. Daí, meu perplexo leitor, a nossa inevitável dependência aos cofres da União e do estado, tanto em repasses por força de lei como por força do entendimento e boa vontade políticos. Somos a cidade no Brasil que mais depende das voltas que a política dá para fazermos alguma coisa que não seja choramingar com pires na mão.

Por obra e graça dos gênios da raça papa-goiaba dos anos 50 e 60 do passado século XX, a freguesia foi incapaz de planejar o seu futuro a longo prazo, além de permitir o seu inchaço pelas franjas do município, de modo omisso e criminoso, seja pelos inacreditáveis loteamentos ou pela posse irregular de terras públicas em áreas de mangue às margens, da também mal planejada, BR 101. Some-se a isso o esvaziamento industrial sob o olhar impassível da rapaziada que ora residia à Feliciano Sodré, Nº 100, representação maior de nossa municipalidade.

Bem-quisto leitor. Sabes que te amo e em verdade vos digo: São Gonçalo é um problema. Ela não tem problemas. Ela mesma é o problema. Lamento dizer que aqui neste pedacinho de céu e terra de pipa e bola de gude da minha infância, foi-nos reservado indignação, sofrimento e resignação. Sim, porque durante muitos anos ficamos reféns de uma trama diabólica que nos empurrou para a periferia da periferia; uma trama que nos legou como depositório de gente, um lugar onde apenas permitido construir pracinhas sem coreto, que ao menos nos servisse de púlpito a levantar nossa voz contra aquele estado de coisas tão afeito à viralatice papa-goiaba que deixou imerso nas sombras o futuro desta cidade. Oxalá conosco estivesse o maior de todos os não-gonçalenses, Luiz Palmier, mas este aí morreu tristonho, creio, ao ver tanta patacoada.

Para uma parcela considerável de São Gonçalo, nada que se faça se corrige. É o melhor lugar para se fazer estágio oposicionista. Todos aqui são oposição. Ser de oposição nestas terras é quase um nirvana, uma catarse, que atinge até o mais fervoroso defensor do governo. Qualquer governo. Há uma expressão (e se não há, eu assumo a autoria) que fazer alguma coisa de bom por essas bandas é como esvaziar açude cheio com cumbuca rasa. Ninguém nunca vê o resultado. Os problemas são tantos e vários, que o governo tem que se policiar pra não esculhambar e fazer oposição a si mesmo também.

Então, leitor, peço serenidade e juízo no dia 28 de outubro do ano de Nosso Senhor de 2012.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

PRA ONDE VÃO OS VOTOS DO JOSEMAR?

Neguim arretado

Primeiro, leitor, quero deixar o registro e os parabéns aos trepidantes militantes do PSOL gonçalense. E claro, em especial, ao Professor Josemar Carvalho, um querido colega e amigo. Conquistar os 19,5 mil votos com uma estrutura pequena de campanha numa cidade enorme como São Gonçalo é uma hercúlea tarefa.

Feito, aqui, o devido cafuné na rapaziada, vamos ao que interessa.

Pra onde vai esse capital (ops!) de quase 20 mil almas obtido por socialistas e comunistas no último dia 7 de outubro? Qual candidatura mais sentirá na face o sopro da primavera psolista, cantada em prosa e verso a partir do Rio de Janeiro com o gonçalense Marcelo Freixo?

Este escriba arrisca alguns palpites. Todos sabemos que o PSOL é uma dissidência do PT surgido após as tensões internas por obra e graça do (bendito ou famigerado, aí é ao gosto do freguês) escândalo do mensalão. Tanto Freixo quanto Josemar têm suas origens no Partido dos Trabalhadores. Ambos são fortemente guiados por suas convicções ideológicas e práticas políticas da esquerda socialista. Portanto, arrisco-me a dizer que é impossível o Professor Josemar apoiar o candidato de centro-direita Neilton Mulim, que tem o tonitroante Pastor Malafaia como aliado, cabo eleitoral e guia espiritual.

E, embora a candidatura Konder esteja num campo ideológico mais à esquerda, também não acredito que Josemar se decidirá em marchar com o PDT (que tem o PT como vice) no segundo turno. Por uma necessidade tática para obter votos, o PSOL foi o que mais bateu na gestão Aparecida e, consequentemente, em Adolfo Konder. Desta feita, creio que Josemar irá se abster no 2º turno. Mas, e os seus eleitores?

Divido os eleitores do PSOL nessas eleições em três categorias, em sua grande maioria jovens: os ideológicos, os ideológicos-inconformados e os pura e simplesmente inconformados. Os primeiros têm uma visão política mais ampla porque mais participativa, são informados e tendem a votar no campo da esquerda para isolar a direita na cidade. Os segundos são ativistas partidários que, por conta da visibilidade social e política na campanha, tendem a ter postura mais radical e pregar - não necessariamente votar - no voto nulo. Os terceiros desde o início serviram de linhas auxiliares das campanhas Graça e Mulim de ataque a Konder, utilizando-se e reforçando a linha de ataque promovida pelo PSOL ao governo e à candidatura de sua continuidade. Sempre foram, no fundo, mais anti-Konder do que qualquer outra coisa.

Na minha visão os votos ficarão divididos entre Konder, nulos e Mulim, com uma sensível vantagem para Konder.

Atualizando: veja nota do Professor Josemar que saiu no dia seguinte a esse post aqui.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ÀS URNAS, GONÇALENSES!

Ele entendeu o zeitgeist gonçalense


Querido leitor e leitora deste blog. No dia sete de outubro do Ano de Nosso Senhor de 2012 voltaremos às urnas para eleger o futuro mandatário desta cidade e seus 27 parlamentares.

Novamente esta freguesia do beato boêmio não mereceu a devida atenção da mídia nativa e muito menos da capital da província. Fomos solenemente ignorados nos levantamentos eleitorais tradicionalmente produzidos nesta época pelos institutos de pesquisa a pedido das empresas de comunicação, o que nos deixa sem parâmetros objetivos para analisarmos "frame-a-frame" o pleito e as tendências de voto do eleitorado.

Portanto, abnegado leitor, tentarei fazer um levantamento político-partidário das três principais alianças em disputa formadas na cidade e que, em minha humilde visão, têm chances de vitória. São elas: Konder/Miguel, Graça/Rafael do Gordo e Mulim/Valviesse.

Falar da candidatura Konder é ter que falar necessariamente no governo da atual prefeita Aparecida Panisset, já que o candidato representa, grosso modo, a continuidade de um modelo de gestão posto à prova desde 2005, do qual passa por um referendo popular em 2008, quando os eleitores reconduziram a prefeita ao cargo por mais quatro anos ainda no primeiro turno com 56% dos votos válidos naquela ocasião.

Assim, peço a você fazer uma breve digressão sobre o que foi este governo que sempre teve em Adolfo Konder uma das principais figuras que o compuseram desde o primeiro dia daquele janeiro de 2005, fazendo com que muitos analistas políticos vestissem o pijama mais cedo sobre um colchão duro e errático de suas análises.

sábado, 22 de setembro de 2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TRÂNSITO DE SG À BEIRA DE UM COLAPSO

Prefeitura reprimiu estacionamento irregular visando ordenar o trânsito em São Gonçalo. Resultado: protestos


Trafegar pela pela cidade está cada vez mais difícil. Avenidas centrais de São Gonçalo já dão sinais nítidos de saturação e estão próximas de um verdadeiro colapso. Ruas como Feliciano Sodré e Presidente Kennedy, que ligam o Centro à Niterói e à Alcântara, tiram a paciência de motoristas e usuários do transporte coletivo nos horários de pico do início da manhã e fim da tarde.

Outra via em situação crítica é a RJ 106 no trecho de Alcântara. A situação promete ficar ainda pior depois da inauguração de dois empreendimentos de grande porte na Av. Maricá, o supermercado Guanabra e um novo shopping, além do novo fórum, a ser construído no Colubandê.

Segundo o urbanista e geógrafo Mauricio Mendes, a prefeitura não está fazendo o seu dever de casa antes de liberar esses novos empreendimentos. “São Gonçalo sofre de um mal crônico de falta de planejamento viário. A prefeitura nada ou pouco fez para mudar essa realidade produzida no passado. O desenvolvimento econômico e o aumento da frota de veículos tendem a estrangular ainda mais o sistema”, disse Mendes.

O número de emplacamentos em São Gonçalo de 2002 até 2011 teve uma aumento de 150%, passando de 90 para 205 mil veículos que disputam espaço em ruas estreitas da cidade, muitas delas tendo a sinalização desrespeitada nas vias intermediárias, o que resultou, recentemente, numa grande operação de repressão pela Secretaria de Transportes, que adotou como estratégia de ordenamento do trânsito o reboque dos carros estacionados de modo irregular. Atualmente, a operação batizada de Calçadas Livres está parada devido aos protestos dos motoristas que reclamam de falta de informação através da prefeitura.

Ainda segundo Mendes, a prefeitura deve racionalizar o trânsito a partir de intervenções inteligentes, combate ao estacionamento irregular, além de construir um “arco viário suspenso” na região do Alcântara ligando as ruas Alfredo Becker, Maricá e a RJ 104. Mauricio Mendes lembra ainda que é necessário pressionar politicamente os governos federal e estadual pela construção do terminal das Barcas e do Metrô, fundamentais para aliviar o fluxo de veículos tanto para Niterói quanto para Itaboraí.  

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

QUEM SERÁ O PREFEITO DESTA FREGUESIA?

Sete candidatos disputam esta trepidante corrida rumo ao nº 100 da Feliciano Sodré. Façam suas apostas


Sete de Outubro é logo ali e todos os candidatos a prefeito procuram se acomodar nas dependências da prefeitura à Rua Feliciano Sodré, 100, como governantes desta cidade que é grande em população, mas ainda nanica no que se refere ao índice de desenvolvimento humano (IDH) do estado, embora, frise-se, venha melhorando nos últimos anos em indicadores importantes, como educação, saneamento e emprego.

Em 2012 sete candidatos concorrem à prefeitura, desde 2005 ocupada por Aparecida Panisset, que se esforça em deixar o seu legado ao ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Adolfo Konder (PDT).

Contra Konder, disputam o deputado federal Neilton Mulim (PR), a ex-secretária de Cultura, Alice Tamborindeguy (PP), o Professor Josemar (PSOL), Mauro Sérgio (PHS), Dayse Oliveira (PSTU) e Graça Matos (PMDB), que concorrerá pela 3ª e, talvez, última vez, buscando superar o trauma de duas derrotas consecutivas para a atual prefeita.

TRANSFORMAÇÕES NA CIDADE JÁ SE REFLETEM NA POLÍTICA

A Classe C é um fenômeno brasileiro que tem alavancado o consumo e os índices econômicos do país. Isso é um fato, porém simplista se não enxergarmos todas as transformações sociais, culturais e políticas que decorrem da melhoria de vida e de renda destas pessoas a partir de 2004 sob a batuta do presidente Lula, que optou pela inclusão social como mola mestra do desenvolvimento a partir do fortalecimento e crescimento do mercado interno. 


O vereador Marlos Costa (centro) quebrou o paradigma político histórico de orientação assistencialista na Câmara de Vereadores em São Gonçalo se aproximando de intelectuais, do funcionalismo público e da juventude gonçalense. Ligado aos movimentos de base da Igreja Católica, conseguiu dar visibilidade política a este segmento novamente numa cidade onde os evangélicos têm grande influência e peso decisório

Essa política de desenvolvimento acertou em cheio a cidade de São Gonçalo, hoje habitada em sua grande maioria por pessoas da Classe C, com renda percapita entre R$ 300 e R$ 1.000. Atualmente, muitos estudiosos usam o município, inclusive, como estudo de caso para o que está acontecendo com o resto do país.

Um conjunto de  injunções econômicas resgatou a tradição industrial gonçalense a partir do renascimento da indústria naval e dos investimentos da indústria do petróleo com o Comperj. Os empregos voltaram para a cidade e incrementaram o surgimento de novos postos de trabalho na área de serviços com pelo menos 4 grandes empreedimentos de grande porte.

O acesso à renda viabiliza o acesso à cidadania em todas as suas dimensões, sobretudo política, antes amarrada a uma teia assistencialista que sobrevive apenas em meio à pobreza e à falta de perspectiva.

Um exemplo claro destas mudanças que ocorrem na cidade foi a eleição do vereador Marlos Costa, 37, em 2008. Ele que é de Alcântara, também é oriundo desta mesma Classe C, e conseguiu ascensão social através da educação (é advogado formado pela UFRJ e auditor do TCE). Filiado ao PT, é considerado o primeiro político de “opinião” eleito depois de muitos anos em São Gonçalo, diferentemente de seus colegas na Câmara, identificados ao assistencialismo e ao poder econômico quase sempre decisivos nos resultados das urnas.

A sua origem social e a forte consciência de classe foram facilitadores naturais para que se aproximasse das questões ligadas à educação, cultura e ao funcionalismo público municipal através do sindicato da categoria, que atualmente trabalha por sua reeleição. Outro fator representantivo surge de seus esforços pela modernização da administração pública, que resultaram em dezenas de audiências públicas com o executivo e leis visando a racionalização e desburocratização das relações entre prefeitura e sociedade.

O vereador Marlos é o maior representante desta nova classe média gonçalense, emancipada e ávida por melhorias concretas em sua qualidade de vida, além de ser postulante real ao cargo máximo da municipalidade. Isso, é claro, se o seu partido tiver juízo e abrir caminho para a sua maior estrela em São Gonçalo.




AS DORES DE CRESCIMENTO DE UMA CIDADE CHAMADA SÃO GONÇALO

Olá amigo leitor. Como sabemos, a freguesia de São Gonçalo do Amarante completará 122 anos de autonomia político-administrativa no dia 22 de setembro do ano de Nosso Senhor de 2012.

Este humilde escriba contribui para a compreensão desta cidade postando um especial com algumas observações sobre diversos temas que vão desde história, urbanismo, política e economia.

Boa leitura.

Imagem icônica de São Gonçalo: Igreja Matriz, no Bairro Zé Garoto, bem no centro de São Gonçalo


George Savalla, o nosso eterno Palhaço Carequinha, e Altay Veloso, músico e compositor de primeiríssima, são os nossos maiores ícones nativos da cultura nacional. Os dois ainda guardam semelhanças afetivas às terras de Gonçalo Gonçalves, colonizador português que batizou essas bandas ao leste da Capitania de São Sebastião do Rio de Janeiro com o nome de São Gonçalo do Amarante, beato católico transformado em santo protetor de todos os artistas e boêmios.

Tanto Savalla quanto Altay afirmaram jamais abandonar a cidade. O primeiro, morto em 2006 em sua casa, no bairro Zé Garoto, aos 90 anos, cumpriu a sua promessa de ser enterrado no cemitério de São Gonçalo, a poucos metros de onde morava. Já Altay Veloso, um dos maiores compositores da música popular brasileira, permanece no mesmo lugar aonde nasceu, no bairro Porto da Pedra. “Não vejo motivo para sair da cidade, mesmo com tantos problemas”, disse ao Apologia em 2008 o autor da ópera O Alabê de Jerusalém e tantos outros sucessos e pérolas do cancioneiro interpretados por artistas como Alcione, Emilio Santiago e Roberto Carlos.

São Gonçalo, município oficialmente criado em fins do século XIX, só assegurou plenamente a sua autonomia em 1930 ajudado pelos ventos da revolução que promoveu um rearranjo político-institucional no país, que alçou ao poder da república o gaúcho Getúlio Vargas. A cidade, que basicamente se resumia ao distrito de Neves em sua parcela mais urbana,  viveu a sua glória entre as décadas posteriores de 40 e 60, quando nessa mesma região até o Barreto foi erguido o maior complexo industrial do antigo estado do Rio de Janeiro.

sábado, 24 de setembro de 2011

PARA ONDE VAI SÃO GONÇALO?

Meu sofrido leitor, como dizia o imperador Julio Cesar às margens do Rio Rubicão, alea jacta est, ou, em bom português: a sorte está lançada.

Começamos a rodada de análises sobre o processo político e eleitoral da cidade.



Temos um quadro político em São Gonçalo já quase definido. Nele, despontam três grandes forças que já se acomodaram em seus respectivos raios de atuação: O grupo liderado pela prefeita Aparecida Panisset (PDT), pelo casal Ezequiel e Graça Matos (PMDB do P, Picciani) e pelo deputado federal Neilton Mulin (PR).

Essas três forças disputam o apoio do PT em São Gonçalo, o fiel da balança das eleições em 2012.

Mas, antes de mais nada, vamos ler um email que chegou até este humilde escriba de uma grande liderança do diretório do Partido dos Trabalhadores que obviamente não revelarei o nome:


"A situação está atingindo níveis preocupantes. O clima é beligerante, de guerra. 
A reunião extraordinária do diretório municipal ontem (21/09) foi um campo de batalha. 
E continuará sendo assim, necessário para combater a postura autoritária, déspota, antidemocrática do presidente municipal.  
Só para ter uma idéia do aconteceu, a chapa do presidente encaminhou a substituição do Domício, vice-presidente do diretório, eleito há dois meses atrás. E também da companheira Simone.  
Óbvio que isso gerou reação, levando outra chapa a também pedir a substituição de quatro membros.  
E o presidente ainda se achava no direito de aceitar os documentos que quisesse, ou seja, aqueles que lhe interessavam. E também aos dois vereadores. Uma aliança interessantíssima, no melhor estilo frankenstein.  
Depois de 3 horas, das 20 às 23 horas, a reunião foi suspensa, sem nenhuma alteração.  
A tentativa de aprovar a aliança com o candidato do governo municipal não avançou, apesar de todos os artifícios utilizados.  
Continuamos com a resolução de candidatura própria.  
Mas eles (grifo meu) não desistirão.  
A única conclusão da reunião de ontem é: a guerra continua. Mas se vocês pensam que isto é tudo, não.  
A grande revelação da noite foi a concepção do presidente sobre a juventude. Que ela precisa levar muita porrada para "aprender". Além de tentar ofender o companheiro Carlos Furtado, secretário de juventude eleito no congresso municipal, chamando-o de "sujeito".  
O que o presidente não consegue entender, que é melhor ser sujeito do que objeto.  
Até o dia 09 de outubro, sem perder o foco, porque 'no balanço das horas tudo pode mudar'."
Aparecida sabe que tem uma maioria ilusória na Câmara. Pelo menos três dos vereadores de seu próprio partido fazem oposição surda ao seu governo. Dentre estes, o vereador Dilson Drummond, que se ressente de ter sido preterido como candidato à sucessão de Aparecida. Recentemente, Drummond posou ao lado da frente política do PMDB tendo como companheiros mais dois personagens importantes: Eduardo Gordo, presidente da Câmara, e o deputado José Luis Nanci, que não descarta migrar para um partido da base governista ou mesmo para o PMDB caso seja o escolhido como cabeça de chapa da frente recém-formada na residência dos Matos.

Na Câmara, na verdade, existem duas grandes correntes: os eduardianos e os panissetianos. Na edição de O São Gonçalo de hoje, o texto deixa claro esta realidade. Alguns vereadores e suplentes estão migrando para o PMDB para desespero dos panissetianos que não querem um embate direto com o seu presidente, Eduardo Gordo, que avança nesse vácuo político deixado pela falta de assertiva dos governistas em definir claramente o sucessor de Aparecida. O sinal amarelo acendeu.

Com essas costuras políticas na Câmara, tudo indica que Aparecida sofrerá oposição violenta a partir de outubro.

E o PT? Bom, voltemos à missiva preocupada de nosso ilustre desconhecido petista. Segundo ele, o clima dentro do partido é de guerra. Atualmente a aliança do partido com o governo Panisset subiu ao telhado. Há duas semanas, numa reunião turbulenta, o diretório se decidiu por ter um representante próprio na disputa à prefeitura em 2012. Dentre os postulantes e pré-candidatos, dois vereadores do partido e o deputado carioca Gilberto Palmares, abençoado pelo senador Lindberg Farias e pelo diretório regional, que sacudiu as estruturas do partido local.

A entrada de Palmares no jogo representa uma "intervenção branca" do diretório carioca no diretório gonçalense e põe na mesa de negociação política local o grupo pró-Lindberg, que sonha eleger-se governador em 2014. As conversas tomam uma dimensão que transcende as fronteiras da cidade. Com isso, Lindberg subtrai do presidente do PT de São Gonçalo o protagonismo nas conversas e decisões junto ao PDT nas três esferas nacional, estadual e municipal. O partido rachou. Está profundamente dividido e aparentemente acéfalo.

O presidente do PT em São Gonçalo, Wanderlei Dias, em resposta à reunião no diretório liderada pelo senador Lindberg - em pessoa - em apoio a Palmares, reunião na qual, diga-se, que sequer foi convidado, reagiu e convocou os petistas num encontro extraordinário que tinha como pauta única derrubar a resolução pela candidatura própria e uma aliança imediata com o PDT. E, como lido acima, podemos deduzir que a chapa esquentou de vez mesmo.

Os vereadores Marlos e Miguel Moraes, antes em lados opostos, foram obrigados a fazer um pacto, embora temporário, de união no diretório. O primeiro, numa atitude intempestiva, talvez tomado pelo sentimento de frustração em ver seus esforços pela indicação à candidatura pelo partido irem por água abaixo, anunciou sua desistência no pleito. Porém, voltou atrás ao prever o desgaste que sua decisão provocaria com sua base eleitoral, formada principalmente pelos católicos - que vêem no jovem vereador uma chance concreta de retomada de hegemonia moral e religiosa na cidade - e pelos formadores de opinião da novíssima classe média gonçalense.

Já o vereador Miguel Moraes deixou de lado os ressentimentos cultivados pelo jovem companheiro de partido e formou com ele uma aliança política que tem, entre outras razões, a manutenção dos acordos políticos com a prefeita Aparecida Panisset em defesa de uma coalizão partidária forte capaz de encarar as frentes lideradas pelo PMDB do P e pelo PR. Após a decisão do partido pela candidatura própria à sombra do deputado Palmares, Miguel foi enfático: “Este resultado na minha opinião não deveria acontecer neste momento. Ainda há um processo de discussão se o PT deve fazer aliança com outros partidos na cidade. Estamos nos isolando” (O São Gonçalo, 12/9). Um dia depois, 25 petistas foram exonerados das secretarias do PT dentro do governo Aparecida.

A conjuntura política não favorece mesmo os dois vereadores petistas. Sérgio Cabral, que tem especial simpatia pelo vereador Marlos, não mexerá uma palha a seu favor. É que São Gonçalo foi "dada" como prêmio de consolação ao candidato ao Senado derrotado Jorge Picciani, que pediu ao governador que não se intrometesse em suas articulações na cidade ao lado dos Matos. Por outro lado, tem o próprio Lindberg, que busca hegemonia partidária no leste fluminense e não vê nem em Marlos e nem em Miguel interlocutores de confiança dentro do partido por serem muito próximos a Cabral.

Sendo assim, São Gonçalo virou uma espécie de zona neutra na política fluminense. E os grandes personagens destas eleições serão Eduardo Gordo (Picciani), a própria Aparecida e Garotinho, que merecerá uma análise posterior.

Muita água vai rolar por debaixo da ponte...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

NÃO PEGO NINGUÉM DO ROCHA


Extasiado leitor. Depois de um dia de intensos festejos e júbilo por morarmos nesta Freguesia, apresento a vocês uma modesta reflexão sobre São Gonçalo.

Esta peça reflexiva que deve ter deixado em polvorosa a administração citadina foi publicada no jornal O Guarda de 22 de setembro.

Boa Leitura.

Não namoro ninguém do Rocha

O trepidante ônibus da Linha 10 Circular. 


Os problemas de São Gonçalo carregam em seu código genético as próprias soluções. Pode soar piegas ou até mesmo demagógico tal afirmação, meu caro leitor, mas acredito que no decorrer deste texto sairás convencido de que sou apenas mais um dentre tantos que cerram fileiras para o bem desta que é a nossa terra.

Pra começar, digo meio de supetão, se me permite, que a freguesia de São Gonçalo do Amarante carece de integração espacial.  Não somos uma cidade integrada no sentido clássico que tem no ponto zero, o centro, a sua principal referência cultural e econômica. Ao Sul corremos a Niterói e ao Norte batemos perna rumo a Alcântara.

Como sou abusado, pego agora uma coisa cara ao catolicismo para fazer-me entender: historicamente essa cidade do santo boêmio sempre foi para nós o purgatório, o transitório. “Oxalá ficar rico e dar no pé!”  Eis o projeto de vida do gonçalense. Negligência daqui, desleixo de lá, nos transformamos numa quase impossibilidade. Quase...

São Gonçalo é tão viável que sobrevive até à indiferença dos seus. Precisamos integrá-la e abandonar a concepção viária-espacial que sempre privilegiou Niterói. Não precisamos de Niterói. Eles que sempre precisaram da gente e não têm a menor gratidão por isso.

Pôxa, eu que sou do Porto Velho, descobri que tem uma porção de gatinhas ali no Rocha, Colubandê, Coelho... A possibilidade de eu casar com uma delas é ínfima. Também sei que tem uma penca de lojas de atacado que me dá uma economia dos diabos em artigos de escritório e papelaria. Hospital Geral? Esqueça! Melhor ir para o Souza Aguiar no Rio.

O capital não sobrevive à desintegração. É muito mais fácil, rápido e confortável eu gastar o meu dindim no Bay Market ou Plaza que no Shopping São Gonçalo que está a 3 Km de minha casa pela BR 101.

Um grande amigo, professor e geógrafo Mauricio Mendes vivia a me alertar: “Seguimos os nossos acidentes geográficos. Somos passagem, não hospedagem”. Claro, concordo. Mas se não fosse uma decisão política e econômica de integração Copacabana até hoje seria uma praia selvagem.

Por conta dos tais acidentes, que na verdade são os “maciços” longitudinais que cortam nossas terras nos sentidos norte-sul formando extensos corredores, a cidade é fragmentada. E isso gerou um bocado de desdobramentos nas áreas social, política, cultural e econômica.

Essa desintegração espacial e o pouco caso da administração pública, por exemplo, quase nos subtraem as regiões de Ipiíba e Monjolos (Alcântara) do nosso convívio nos anos de 1990. Mas sabiamente a população disse não à emancipação dos distritos que formariam um novo município. Depois de perder Itaipú no início do século XX para Niterói, não sei se o santo protetor dos músicos iria aguentar...

Esse capitalismo roda-presa em São Gonçalo mantém certas coisas inacreditáveis. Não entendo o domínio que beira o senhorio da empresa Galo Branco naquela região do Rocha e do Galo Branco. O empresário da construção civil olha aquela área (sub-habitada) e se pergunta: Eu vou vender apartamento num lugar onde não tem transporte com facilidade? O mais 171 dos corretores não consegue vender.

Respeito, é claro, a função honrosa do proprietário da empresa citada em ser um empreendedor numa área tão complicada que é o transporte público. Como empresário vencedor em seu ramo, ele deve entender e apoiar o que falo. Porém, deve concordar se houver planejamento, critério, visão de futuro do poder público para ousar usando-se, no nosso caso, da criatividade e principalmente responsabilidade e boa vontade.

A prefeita está de parabéns por tudo de bom que tem feito. A feiura de São Gonça que tanto trazia-me desesperança deu lugar a mais bela de todas as coisas: a beleza do movimento, do fazer para o que é feio se tornar belo.

Mas queremos e precisamos ir além. De um projeto de cidade que rime desenvolvimento com oportunidades para todos. São Gonçalo é uma das poucas cidades do Brasil que se fez do povo.  Não lembro o último “doutor” (Charles não conta) prefeito  desta cidade. É por isso que quando me perguntam como é Sâo Gonçalo eu respondo que é o que há de melhor do povo brasileiro.