sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O PESO DAS ALIANÇAS EM SÃO GONÇALO

Amigo (e)leitor. Dia 28 é logo ali e a chapa esquenta. A peleja entre Konder e Mulim entra em sua fase final neste 2º turno e deixa clara pra gente os dois campos em disputa pela prefeitura.

Adolfo Konder (PDT), que no início da campanha era um ilustre desconhecido, segurou firme o timão e conseguiu chegar ao final do 1º turno com uma bela (e consolidada) vantagem frente aos seus concorrentes. Isso demonstra confiança da torcida pela equipe comandada pela professora Maria Aparecida desde 2005. A campanha de Adolfo Konder tinha três objetivos: óbvio, torná-lo conhecido ao eleitorado, colar à sua imagem à prefeita e ao seu bem avaliado governo e expor a necessidade de parcerias políticas para o desenvolvimento da pobre e sofrida cidade de São Gonçalo. Os quase 42% de preferência do eleitorado no 1º turno à candidatura Konder mostrou eficiência da estratégia pedetista.

Já a candidatura Neilton Mulim (PR), que chegou à frente de Graça Matos (PMDB) com pouco mais de 3 mil votos, montou uma chapa conservadora à direita, reunindo tucanos e demos, e precisou correr atrás do apoio da candidata derrotada para se manter competitivo na disputa. Por conta da presença de Anthony Garotinho em sua campanha, que impossibilitou o apoio do PMDB, sobrou para Mulin o apoio do PV, que saiu enfraquecido das eleições, e o apoio do grupo político do vereador e presidente da Câmara Eduardo Gordo, que congrega 11 parlamentares dentre os da atual legislatura e os marinheiros de primeira viagem.

Neste quadro, Adolfo Konder sai beneficiado porque não foi obrigado a mudar os rumos de sua estratégia do 1º turno. Pelo contrário. Os apoios do PMDB e do PP aprofundam a estratégia das parcerias, em que as maiores estrelas agora são o governador Sérgio Cabral e o senador Francisco Dornelles. Konder, que já tinha o apoio dos senadores Lindbergh e Crivela, além do apoio do governo federal,  fecha o arco de alianças e isola o adversário numa trincheira política que não se mostrou eficiente no 1º turno, que foi explorar o fato de Konder não ser natural de uma cidade onde 70% de sua população também não o é. O slogan Não Voto em Forasteiro definitivamente não funcionou.

Por força das circunstâncias, a candidatura do PR foi obrigada a fazer um ajuste na rota ao abrigar o grupo do vereador Eduardo Gordo em sua campanha e num hipotético governo. A notícia desta aliança não está sendo digerida com facilidade por uma parcela do eleitorado, que identifica em Eduardo Gordo o fisiologismo e tradicionalismo políticos tão praticados e cada vez mais rejeitados. Haja vista a renovação espetacular de 80% dos vereadores nesta eleição, e a própria queda da votação de Eduardo Gordo - que teve a sua candidatura impugnada pelo TRE sob a Lei da Ficha Limpa, mas espera julgamento do recurso no TSE.

Este apoio, portanto, deve ter um impacto mais negativo que positivo na campanha Mulim, sobretudo nos votos das camadas médias da sociedade gonçalense que migravam naturalmente para a sua candidatura após as derrotas de seus candidatos no 1º turno. A tendência, a partir de agora, é a escolha pelo voto nulo ou abstenção. Ou até o voto útil na candidatura Konder, porém em menor escala, para barrar a ameaça de vitória da política fisiologista e tradicionalista em São Gonçalo. Mulim deu um tiro no pé e, ironicamente, pode perder a eleição justamente por conta do apoio de políticos tradicionais da cidade.


3 comentários:

  1. Uma explanação do contexto político feito com muita propriedade e bom senso. Esperamos que o povo não caia na falácia eleitoreira do candidato Neilton.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pela clareza na colocação dos fatos de nossa eleição em SG....

    ResponderExcluir
  3. Muito obrigado a vocês. E bem-vindo a este espaço.

    ResponderExcluir