terça-feira, 9 de outubro de 2012

O QUE OS ANALISTAS DE SG INSISTEM EM NÃO VER

Meu caríssimo cidadão leitor-leitor cidadão. Sei que estamos um tanto de ressaca após domingo, mas aproveito ainda o calor eleitoral do dia 7 de outubro para fazer algumas observações deveras pertinentes na visão deste humilde escriba.

A grande vencedora, de novo, foi a prefeita Aparecida Panisset. A grande derrotada foi Graça Matos, que disputou a sua última eleição em São Gonçalo. Não dá mais para ela e o seu grupo. Aliás, não dá mais desde 2004, mas a miopia política dos seus correligionários a fizeram acreditar no contrário. Poucos políticos compreendem o espírito do seu tempo, o que não é, definitivamente, o caso de Graça Matos, que tem, outrossim, uma grande presença parlamentar. Mas isso, por si só, é insuficiente para agregar forças para vencer uma eleição majoritária que necessita de base social representativa e atuante, sobretudo numa cidade difícil e dispersa como São Gonçalo.

Graça e o seu grupo ainda estão presos à forma de fazer política do século passado e ao erro original por ter abraçado os interesses pessoais de Garotinho e abandonado o PDT e o velho Brizola. E olha as voltas que o mundo dá: no dia 28 próximo, muito provavelmente, os eleitores reconduzirão o PDT ao poder máximo da municipalidade gonçalense. Aparecida Panisset, sem espaço no partido nos anos de 1990 - quando era dominado pelo casal Matos -, correu esse mundão de meu Deus até desembarcar novamente no PDT em 2007... Irônico? Pode ser.

Usando da sua melhor virtude, a perspicácia, Aparecida procurou sepultar de vez a forma tradicional de se fazer política em São Gonçalo, atendendo à ordem expressa pelos gonçalenses em 2004 (Para entender melhor o que eu falo, clique aqui). O motivo das maiores críticas contra ela na verdade se mostrou o seu maior acerto: trazer gente nova para o seu governo, mesmo de fora da cidade. Antônio Moreno, meu conterrâneo da Tijuca, se mostrou um ótimo administrador das finanças da cidade. E Adolfo Konder, nascido na ensolarada Ipanema, desde 2005 vem se destacando como bom gestor das áreas política, social e do desenvolvimento econômico do governo. Se assim não fosse, seria devorado pelas intrigas e futricas internas que desde 2011 buscou demover da cabeça da prefeita a sua escolha para sucedê-la.

Por essas e outras é que a pecha de forasteiro em cima do Konder não pegou e nem vai pegar. Aliás, é uma afronta, e mesmo uma ofensa à grande massa de migrantes que em São Gonçalo se estabeleceu. É uma bobagem bairrista e provinciana em pleno século 21. Adolfo Konder, um ilustre desconhecido até essas eleições, ficou a 8 pontos da vitória ainda em primeiro turno (teve 42%), a despeito de sua fama de ser um candidato sem, vá lá!, muito carisma. Ele chegou onde chegou porque simplesmente as candidaturas, tanto da Graça, quanto do Neilton Mulin, representam o que já foi testado misturado ao velho tradicionalismo, sendo assim, uma incongruência política com o que foi montado por Aparecida em 2004.

A única candidatura apoiada ou encabeçada pelo PMDB do governador Sérgio Cabral que não venceu, ou que não está no segundo turno no Grande Rio, foi a da Graça. Portanto, é uma falácia e uma desonestidade intelectual não reconhecer que a grande responsável pela derrota foi a própria candidata que fez costuras políticas e eleitorais anacrônicas com o momento político da cidade. A reunião das famílias Matos, Gordo e Nanci, afiançada pelo ex-deputado Jorge Picciani foi bem didática para confirmar o que digo: São Gonçalo mudou, e não quer mais se fazer representar por esse grupo, que se ainda se prevalece de alguma relevância eleitoral localizada, não possui mais - pelo menos nas urnas - legitimidade para conduzir política e administrativamente São Gonçalo.

Também não acredito que a candidatura Mulin, que é uma composição de centro-direita, apoiada pelo enfraquecido Garotinho, vença as eleições. Por uma razão muito simples, dentre as que já foram expostas aqui: o alinhamento óbvio do PMDB estadual com o PDT, além de vermos um apoio maciço de pelo menos 70% dos vereadores eleitos à candidatura Konder, o que provavelmente deve derrubar a cidadela eleitoral de Neilton Mulin, a 132ª Zona Eleitoral, única onde o candidato bateu Adolfo no primeiro turno.

Meu caro leitor, deixo uma matéria bacana do JB para ajudar a enriquecer o debate, clique aqui.

3 comentários:

  1. Caro Helcio, gostaria de propor outro ponto de vista, uma hipótese:

    Konder teve 42%, Mulim 25% e Graça 24%. Talvez o que aconteceu é que a cidade se dividiu em dois lados. Um, bem definido: aqueles que querem a continuidade do governo Panisset. O outro, mal definido: aqueles que não querem mais o modelo de governo da Panisset, que é a maioria.

    Talvez o que conte a favor do Konder é justamente o fato de o adversário não ter uma identidade própria. Tem muita gente que vai votar no Neilton, não por simpatizar com as ideias dele, mas para não ver o Konder no poder. Por isso acho que o segundo turno da eleição será concorrido.

    Além disso, eu acho que a política feita pela Panisset abusa da ignorância do povo. Eu não conseguia assistir aos primeiros programas eleitorais do Konder, porque o objetivo não era apresentar propostas, e sim sensibilizar as pessoas, com vozes meigas e supervalorização da realidade. Intragável... [Também pulava a parte da musiquinha dos outros candidatos. Ver pelo YouTube tem suas vantagens... rs]

    Que uma coisa fique clara: SG cresceu muito durante o governo Panisset. Foi o que mais investiu em obras na cidade e isso eu não discuto. Quantidade, ok, mas qualidade... Digamos que a cidade saiu do status de cidade pobre para cidade subdesenvolvida.

    Falta agora alguém que dê profissionalismo à prefeitura, que tire SG da condição de subdesenvolvimento, para que possamos chamá-la de metrópole.

    Sinceramente não vi essa aptidão em nenhum candidato, mas levando em consideração a experiência política de Konder e Mulim, acho que o Mulim chega mais próximo ao perfil necessário. O problema dele, na minha opinião, é um só: Garotinho.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grande Eduardo! Acho que o simples fato de existirmos já é uma prova de que esta cidade está melhorando... rs

      Bom, acredito que suas indagações são em si esclarecedoras.

      1. Como vc bem disse, os votos pró-Konder estão bem definidos. A tendência é ele ganhar votos do outro lado e não perder;

      2. Bom, os programas de um modo geral aqui em SG são meio estúpidos e infantilizados de um modo geral... rs. No caso do Konder, percebi que os marqueteiros apostaram na herança consolidada da prefeita (amplamente positiva)e a partir disso tentaram construir (uma) imagem no eleitor de um candidato até então desconhecido. Daí abusar da "emoção";

      3. Concordo que crescimento e intervenção urbana não são sinônimos de desenvolvimento. Esse é o nosso maior desafio, e sinceramente acredito que o Konder é tecnicamente mais preparado para tocar esse desafio numa cidade politicamente pacificada;

      4. A eleição do Mulim (Garotinho) daria instabilidade política junto aos governos de Cabral e federal. O PR montou uma chapa de oposição, o que, nem de longe, seria bom para a cidade...

      Abraços.

      Excluir
    2. Esquecendo as relações políticas, eu acho que o Mulim é mais competente, sem pensar duas vezes.

      Mas, infelizmente, essa questão política é uma realidade. E creio que só veremos nossa cidade melhorar quando o(a) prefeito(a) que assumir estiver sinceramente preocupado em cuidar do povo e da cidade, livre de qualquer tipo de limitação partidária. Porque aí, ele(a) não vai ser preocupar se o prefeito de Niterói é do PX ou do PY. Vai chamar pra conversa e dizer: os problemas são esses; temos que encontrar soluções. Vai virar pro governador e dizer: precisamos levar água e esgoto para esse bairro que sofre há anos com doenças dos mais variados tipos; seja o governador honesto ou não. Vai à Brasília e solicita verba para a construção de uma linha de metrô, porque milhares de trabalhadores, moradores da cidade, gastam até 4 horas para ir ao trabalho todo dia! Mas não pode fazer isso porque os interesses partidários impedem...

      Então eu acho que falta algum político com coragem. Coragem de ser autêntico, de lutar pelo o que realmente importa, sem estar preocupado em atender interesses de tal ou tal partido.

      Excluir