(...)
Outros que saíam de suas casas para o trabalho tiveram as atenções voltadas para aquele trecho de rua. Os que iam à frente seguiram os seus destinos com chances sérias de terem mau jeito no pescoço. Os que haviam de passar, diminuíam os passos. Os chegados a uma ou outra paravam para acudir. - Vão, por favor, vão! - dizia a velha, percebendo a antropofagia da pueril curiosidade transeunte. De mais, ela mesma queria desvendar o mistério. Para tanto, a pegou pelo braço perguntando em sussurro:
_ Queres vir a minha casa?
_ Qual o quê, dona Mirandinha! Vou entrar e descansar um pouco - disse a moça, desvencilhando-se da velha em direção à entrada de seu esconderijo.
_ Ora, mas não vais mesmo! - reagiu, pegando em seu braço; e, nesse gesto, desvelando certos ares de convicção, imperativa. - Venha comigo, e darei a ti café com leite quente e alguns biscoitos... não! água com açúcar se quiseres. Vejo que estás mais nervosa que lesa...
Esta última frase, junto ao sorriso da velha, cativaram-na, minando sua resistência. Lá entraram enfim.
E sentaram-se as duas à mesinha de madeira logo à entrada da cozinha. Bastou uma piscadela para surgir, entre a soleira da porta de mesmo cômodo seu Clodomiro, marido de Mirandinha. A velha logo adiantou-se: - Não foi nada! - despachando o velho desleixado e modorrento.
_ E então; conta-me o que houve? dando-lha água doce.
_ Este sapa... - Juliette não conseguiu completar a frase, interrompida por Mirandinha em corte:
_ Eu já sei que estes sapatos eram os únicos que tinhas para usar; claro está. É fácil de resolver, não se preocupe. Mas resolver o problema do calçado deixará outro em aberto, não é verdade?
_ Sim - seco.
_ Pois me conte. É algo com seu pai e sua mãe?
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