terça-feira, 15 de novembro de 2011

O DIFÍCIL CAMINHO PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Meu antenado leitor, posto agora mais um artigo do meu grande amigo Mauricio Mendes de Oliveira.

O assunto é mídia e democratização dos meios.

Esse texto é de 2008 e da safra do glorioso Jornal Apologia.

Boa leitura.


O DIFÍCIL CAMINHO PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO


Por Mauricio Mendes de Oliveira

O artigo 5º, seção IX da constituição federal é bem incisivo: "É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica, e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. No entanto, desde 2003 o governo Lula vem se utilizando da ANATEL para perseguir de forma inclemente as rádios comunitárias, onde é apreendido todo equipamento da emissora, como também, são ameaçados e até  agredidos todo o pessoal técnico. Esses procedimentos seriam perfeitamente naturais se partissem de quadros de partidos conservadores, pois afinal de contas, são agrupamentos comprometidos com o “status quo”, devendo a sua existência a defesa dos tubarões da mídia.
    
Mas no momento que o governo federal usa a legislação de forma distorcida, valendo-se de argumentos mentirosos como o perigo a navegação aérea, por exemplo, com o claro intuito de proteger as grandes redes comerciais de comunicação, chegamos à conclusão que esse governo dito de esquerda e seus aliados vomitaram todo o ideário de luta proferido por duas décadas.
    
Essa guinada de 180º pode ser explicada: As rádios comunitárias são os veículos mais eficazes para o estabelecimento de uma “contra-mídia”, pois essas emissoras existem para promover a cutltura, educação, o desenvolvimento sócio  - político nas comunidades e criar uma mentalidade solídária , impensável para emissoras comercias que estão voltadas exclusivamente para o lucro. O pior de tudo isso é que o governo, a ANATEL e mesmo a Polícia Federal são indulgentes com as emissoras evangélicas, conhecidas promotoras do ódio religioso e do fundamentalismo em clara violação a liberdade religiosa prevista na constituição.
    
Esse quadro se torna mais sombrio quando agrupamentos que se arrogam como “revolucionários” subestimam a relevância do uso da mídia como forma de combater a ordem vigente, normalmente sob o argumento que os equipamentos de rádio e T.V. são muito caros, e, portanto, inviáveis para servirem de ferramenta para a militância. Tal argumento é muito pouco consistente, pois se há o compromisso com a dita “revolução permanente”, devem lembrar que ela só se materializa através de ações contra – hegemônicas.
    
Assim, essas organizações de uma forma geral são omissas perante as arbitrariedades da ANATEL, não tem como bandeira a luta a democratização dos meios de comunicação, não vem levando nenhum debate relevante sobre a entrada da T.V. digital e sequer acenam com alguma mobilização para a intervenção da sociedade na decantada TV pública, ou melhor, a nova TV Brasil. O seu pensamento retrogrado é de tal ordem que insistem em se restringir a mídia impressa de pouco alcance ,atingindo somente um poucos e disciplinados militantes, enquanto as grandes redes de rádio e TV veiculam a sua “verdade” para uma população sem esperança.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O DIA EM QUE A METRÓPOLE TENTA RECONQUISTAR A FREGUESIA


O PT é sensacional mesmo. E hoje escreve mais um capítulo dessa novela hamletiana-rocambolesca de ter ou não candidatura própria.

O maior e mais organizado partido da América latina é o único em que exige em suas fileiras cabras-macho ou severinas. As disputas internas entre suas tendências são verdadeiras aulas de política. Às vezes irrita, mas o saldo é positivo.

Recentemente escrevi em meu blog que a imposição da metrópole (diretório do Rio) em forçar goela-abaixo a candidatura do deputado Palmares aos caboquim da freguesia de São Gonçalo do Amarante seria um tiro de garrucha no pé. Dito e feito. A rebelião na colônia (diretório de SG) foi imediata e favoreceu uma união inusitada entre os nativos mais ilustres do PT gonçalense: os vereadores Marlos e Miguel Moraes que, juntos, articularam o grito de independência frente à monarquia da Casa dos Lindinhos.

Marlos não fugiu à luta e, às margens do Rio Imboaçú, bradou: Independência ou Pijama! chamando Palmares para o campo aberto da disputa. O diretório dessas bandas mudou a sua orientação a favor de Palmares para seguir junto com o PDT, como queria Marlos e Miguel.

Na ocasião, Marlos ameaçou não concorrer à reeleição caso o diretório municipal se submetesse às ordens da Capital da Província. “O PT deve ser construído pela vontade das bases locais e não pelo revanchismo mesquinho de uma minoria derrotada nos debates internos do partido”, encerra Marlos.

Independência ou Pijama

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A PROFESSORA E EU

Caríssimo leitor. Tenho comigo algumas maledicências que roço ao ouvido desde que nossa honorável prefeita falou à radio de ondas curtas pertencente ao maior conglomerado de comunicação do país.

Há pouco disse, abaixo, numa dessas peças caboquianas deste escriba, que ouço vozes.

Sim. VOZES. Essa coisa de doido.

Dessa vez não. Era bem real a mesa de madeira e a cerveja cara. Ali, eu [se vê] e essa praga de gente que só faz pergunta óbvia pra resposta difícil.

Deves saber: pergunta de criança. A pior das perguntas.

_ Aparecida é uma anta - esbraveja já sem paciência o amigo.

O amigo em questão se referia ao palavrório do Canázio na Globo AM. Eu nada disse.

Antes veio à cabeça a professora.

Maria Aparecida Panisset foi minha professora.

Não vejo a prefeita. Vejo a minha professora Maria Aparecida. Assim como o giz que a irritava marcava o seu nome na lousa com a história que o Estado, através da escola, nos obrigava a conhecer.

Nos odiávamos mutuamente. É, ela e eu.

[Claro, esqueci! (...): Colégio Paraíso. 1987. 5ª Série]

A professora Maria Aparecida não tinha muita paciência comigo. Invariavelmente era expulso da classe por ela. Isso era uma espécie de provação-limite; a exposição pedagógica à vergonha e à culpa. Punição máxima que, hoje tenho certeza, se aproxima a uma espécie de sadismo dos inocentes.

A professora de História Maria Aparecida não era intelectual. Não. Se trouxesse consigo tal dote ali, nos anos 80, fumaria maconha, ouviria roquenrol e seria de esquerda.

Mesmo hoje, olhando para trás, e sabendo de sua trajetória que é simplesmente espetacular, não consigo saber exatamente quem era aquela professora. O que vem à mente é uma mulher com forte e inabalável convicção moral e de valores. Carregava já um messianismo retórico latente.

Sei porque fui sua tábua rasa. Eu sou testemunha da sua força - quase obsessão -, perseverança, empenho e convicção em me fazer odiar história.

Como disse acima, nos odiávamos mutuamente.

Lembro da pergunta do amigo que originou essas divagações. Delas não fujo, e faça saber agora: Aparecida Panisset é uma melodia que é a própria transcendência de São Gonçalo.  O seu moralismo e messianismo professoral eram a luva que este caldo de cultura borbulhante do pentecostalismo nativo precisava.

Graça "macumbeira" num jornal apócrifo foi o último ato da ciência política levada ao extremo no Brasil. Foi a bolinha de papel que deu certo. Isso é apenas um parêntese, leitor...

Aparecida Panisset é a figura política mais importante de toda a história da cidade ao lado de Joaquim Lavoura. E digo: ela quer o estado. Essa entrevista é sua avant première na política fluminense com a armadura de um governo bem avaliado. Governo de uma cidade que é fundamental em qualquer eleição.

A entrevista? Bola para a professora a meia-altura que pegou de voleio e fez de placa. Talvez escorregara na própria ignorância quando deu a entender que a linha 02 Circular era concessão estadual não tendo a prefeitura nada a ver com o martírio dos usuários dos ônibus da empresa Estrela.

Parece a mim Canázio bobão. Ficou feio à beça ao Canázio paladino do povo gonçalense escancarar ignorância e preconceito, frases prontas achando que meu amigo não vá perceber o circo:

_ Helcio, esses caras tão pouco se lixando pra gente. Que merda é essa? Essa cidade não tem plano de desenvolvimento urbano próprio. Parece que São Gonçalo existe por osmose...

É...., continua.