O assunto é mídia e democratização dos meios.
Esse texto é de 2008 e da safra do glorioso Jornal Apologia.
Boa leitura.
O
DIFÍCIL CAMINHO PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Por Mauricio Mendes de Oliveira
O artigo 5º, seção IX da
constituição federal é bem incisivo: "É livre a expressão da atividade
intelectual, artística, científica, e de comunicação, independentemente de
censura ou licença”. No entanto,
desde 2003 o governo Lula vem se utilizando da ANATEL para perseguir de forma
inclemente as rádios comunitárias, onde é apreendido todo equipamento da
emissora, como também, são ameaçados e até agredidos todo o pessoal técnico. Esses
procedimentos seriam perfeitamente naturais se partissem de quadros de partidos
conservadores, pois afinal de contas, são agrupamentos comprometidos com o
“status quo”, devendo a sua existência a defesa dos tubarões da mídia.
Mas no momento que o governo federal usa a legislação de forma distorcida,
valendo-se de argumentos mentirosos como o perigo a navegação aérea, por
exemplo, com o claro intuito de proteger as grandes redes comerciais de
comunicação, chegamos à conclusão que esse governo dito de esquerda e seus
aliados vomitaram todo o ideário de luta proferido por duas décadas.
Essa guinada de 180º pode ser explicada: As rádios comunitárias são os
veículos mais eficazes para o estabelecimento de uma “contra-mídia”, pois essas
emissoras existem para promover a cutltura, educação, o desenvolvimento
sócio - político nas comunidades e criar
uma mentalidade solídária , impensável para emissoras comercias que estão
voltadas exclusivamente para o lucro. O pior de tudo isso é que o governo, a
ANATEL e mesmo a Polícia Federal são indulgentes com as emissoras evangélicas, conhecidas
promotoras do ódio religioso e do fundamentalismo em clara violação a liberdade
religiosa prevista na constituição.
Esse quadro se torna mais sombrio
quando agrupamentos que se arrogam como “revolucionários” subestimam a
relevância do uso da mídia como forma de combater a ordem vigente, normalmente
sob o argumento que os equipamentos de rádio e T.V. são muito caros, e,
portanto, inviáveis para servirem de ferramenta para a militância. Tal
argumento é muito pouco consistente, pois se há o compromisso com a dita
“revolução permanente”, devem lembrar que ela só se materializa através de ações
contra – hegemônicas.
Assim, essas organizações de uma forma geral são omissas perante as
arbitrariedades da ANATEL, não tem como bandeira a luta a democratização dos
meios de comunicação, não vem levando nenhum debate relevante sobre a entrada
da T.V. digital e sequer acenam com alguma mobilização para a intervenção da sociedade
na decantada TV pública, ou melhor, a nova TV Brasil. O seu pensamento
retrogrado é de tal ordem que insistem em se restringir a mídia impressa de
pouco alcance ,atingindo somente um poucos e disciplinados militantes, enquanto
as grandes redes de rádio e TV veiculam a sua “verdade” para uma população sem
esperança.